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domingo, 1 de abril de 2012

LITURGIA DO DOMINGO DE RAMOS




“OBEDIENTE ATÉ A MORTE,
E MORTE DE CRUZ!”
Com ramos nas mãos e gritos de Hosana, acolhemos triunfalmente Jesus, aquele que vem em nome do Senhor para instaurar um Reino que é novo, porque alicerçado na justiça, no amor e na paz. Ele vem para redimir toda a humanidade da escravidão da morte e do pecado. Gritar “Hosanas” é comprometer-se com sua Palavra e assumir a tarefa de continuar sua missão no mundo.

DOMINGO DE RAMOS
1ª Leitura: Is 50,4-7
Salmo Responsório:  21
2ª Leitura: Fl 2,6-11
Evangelho: Mc 15,1-39

EVANGELHO
MARCOS 15,1-39

Narrador 1: Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo Marcos:

1Logo pela manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os mestres da Lei e todo o Sinédrio, reuniram-se e tomaram uma decisão. Levaram Jesus amarrado e o entregaram a Pilatos.

2E Pilatos o interrogou:

Pilatos: “Tu és o rei dos judeus?”

Narrador 1: Jesus respondeu:

Pres.: “Tu o dizes”.

Narrador 1: 3E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra Jesus. 4Pilatos o interrogou novamente:

Pilatos: “Nada tens a responder? Vê de quanta coisa te acusam!”

Narrador 1: 5Mas Jesus não respondeu mais nada, de modo que Pilatos ficou admirado.

6Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles pedissem. 7Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que, numa revolta, tinha cometido um assassinato.

8A multidão subiu a Pilatos e começou a pedir que ele fizesse como era costume.

9Pilatos perguntou:

Pilatos: “Vós quereis que eu solte o rei dos judeus?”

Narrador 2: 10Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado Jesus por inveja.

11Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que Pilatos lhes soltasse Barrabás.

12Pilatos perguntou de novo:

Pilatos: “Que quereis então que eu faça com o rei dos judeus?”

Narrador 2: 13Mas eles tornaram a gritar:

Ass.: Crucifica-o!

Narrador 2: 14Pilatos perguntou:

Pilatos: “Mas, que mal ele fez?”

Narrador 2: Eles, porém, gritaram com mais força:

Ass.: Crucifica-o!

Narrador 1: 15Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado.

16Então os soldados o levaram para dentro do palácio, isto é, o pretório, e convocaram toda a tropa.

17Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de espinhos e a puseram em sua cabeça.

18E começaram a saudá-lo:

Ass.: “Salve, rei dos judeus!”

Narrador 1: 19Batiam-lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam nele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele.

20Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.

21Os soldados obrigaram um certo Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz.

22Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Calvário”.
23Deram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou.

24Então o crucificaram e repartiram as suas roupas, tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada um.

25Eram nove horas da manhã quando o crucificaram.

26E ali estava uma inscrição com o motivo de sua condenação:

Ass.: “O Rei dos Judeus”.

Narrador 2: 27Com Jesus foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. (28)

29Os que por ali passavam o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:

Ass.: “Ah! Tu, que destróis o Templo e o reconstróis em três dias, 30salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!”

Narrador 2: 31Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os mestres da Lei, zombavam entre si, dizendo:

Ass.: “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar!”

32O Messias, o rei de Israel... que desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!”

Narrador 2: Os que foram crucificados com ele também o insultavam. 33Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra, até as três horas da tarde.

34Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte:

Pres.: “Eloi, Eloi, lamá sabactâni?”

Narrador 2: Que quer dizer:

Pres.: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”

Narrador 2: 35Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram:

Ass.: “Vejam, ele está chamando Elias!”

Narrador 2: 36Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo:

Leitor 1: “Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz”.

Narrador 2: 37Então Jesus deu um forte grito e expirou.
(Aqui todos se ajoelham e faz-se uma pausa.)

Narrador 1: 38Nesse momento, a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes.

39Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse:

Leitor 1: “Na verdade, este homem era o Filho de Deus!”

Narrador 1: Palavra da Salvação.

Ass.: Glória a vós, Senhor!

HOMILIA
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo Auxiliar de Aracaju - Sergipe
  
Baste-nos alguns pensamentos, nesta eucaristia solene que abre a grande semana da nossa fé, a Semana santíssima, que culminará com a solenidade da Páscoa, domingo próximo.

Já fizemos memória da entrada do Senhor Jesus em Jerusalém. Ele é o Filho de Davi, o Messias esperado por Israel, que vem tomar posse de sua Cidade santa. Mas, que surpresa! É um Messias humilde, que entra não a cavalo, mas num humilde burrico, sinal de serviço e pequenez! Ei-lo: seu serviço será dar a vida pela multidão. Ele é Rei, mas rei coroado de espinhos e não de humana vanglória. Termos seguido o Senhor nessa solene procissão com ramos é tê-lo reconhecido como nosso rei, rei pobre e humilde. Tê-lo seguido é nos dispor a segui-lo nas pobrezas e humildades da vida, dispondo-nos a participar de sua paixão e cruz para ter parte na glória de sua ressurreição.

Primeiro: o meio que Deus escolheu para nos salvar não foi o que é grande e vistoso, tão apreciado pelo mundo. Ao invés, o Pai nos salvou pela humilde obediência do Filho Jesus. Reconheçamos na voz do Servo sofredor da primeira leitura a voz do Filho de Deus: “O Senhor Deus me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhes resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para arrancarem a barba. O Senhor é o meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, porque sei que não serei humilhado”. Palavras impressionantes, caríssimos! O Filho buscou humildemente, na obediência de um discípulo, a vontade do Pai – e aí encontrou força e consolo, encontrou a certeza de sua vida. São Paulo, na segunda leitura de hoje, confirma isso com palavras não menos impressionantes: “Jesus Cristo, existindo na condição divina, esvaziou-se de si mesmo, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz”. Caríssimos em Cristo, num mundo que nos tenta a ser os donos da verdade, desprezando os preceitos do Senhor Deus e seus planos para nós, aprendamos a humilde obediência de Cristo Jesus, entremos em comunhão com o Cristo obediente ao Pai até a morte. Só então seremos livres realmente, somente então viveremos de verdade!

Um segundo pensamento: o breve e concreto relato da Paixão segundo São Marcos, apresenta-nos ao menos três modos de nos colocar diante do Cristo nosso Senhor. Dois modos inadequados, que deveremos evitar, apesar de tantas vezes neles cairmos; e um modo correto, a que somos continuamente chamados.

Ei-los: primeiramente, o modo dos discípulos, tão vergonhoso: “Então todos o abandonaram e figuram”. Oh! que desde o início temos sido covardes, desde os princípios somos um mísero bando de infiéis! Quantas vezes, nos apertos da vida, fugimos e o abandonamos: no vício, no comodismo, na busca de crendices e seitas, no fascínio por ideologias, idéias e filosofias opostas à nossa fé! Como é fácil fugir, como é fácil, ainda agora, abandoná-lo! – Perdoa-nos, Senhor Jesus, porque ainda hoje somos assim, ainda somos como os primeiros discípulos: frágeis, inconstantes, covardes mesmo! Perdoa-nos pelo pouco amor, pela falta de compromisso!

Depois, o modo de Pedro, que “seguiu Jesus de longe”. Atenção, caríssimos Pedros aqui presentes! Não se pode seguir Jesus de longe! Quem o segue assim? Quem pensa poder ser discípulo pela metade; quem se ilude, pensando seguir o Senhor sem combater seus vícios e pecados; quem imagina poder servir a Deus e ao dinheiro, ao Senhor e aos costumes e modos e pensamentos do mundo! Como terminarão esses? Como terminou Pedro: negando conhecer Jesus! – Senhor, olha para nós, como olhaste para Pedro; dá-nos o arrependimento e o pranto pela covardia e frieza em te seguir! Faze-nos verdadeiros discípulos teus, que te sigam de perto até a cruz, como o discípulo amado, ao lado de tua santíssima Mãe!

Finalmente, uma atitude bela e digna de um verdadeiro discípulo do Senhor: aquele gesto, da misteriosa mulher, que ungiu a cabeça do Senhor com nardo puro, caríssimo! Notaram, o detalhe de Marcos? “Ela quebrou o vaso e derramou o perfume na cabeça de Jesus”. Quebrou o vaso... isto é, derramou todo o perfume, sem reservas, sem pena, com amoroso estrago... Para o Senhor, tudo; para o Salvador o melhor! E São João diz que “a casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo” (Jo 12,3). Ó mulher feliz, discípula generosa! Dando tudo ao Senhor, perfumou toda a casa com o bom odor de um amor ser reservas! Quanta generosidade dessa mulher politicamente incorreta! Quanta hipocrisia, quanta mesquinhez dos apóstolos politicamente corretos, que não compreenderam seu gesto de amor gratuito! – Senhor Jesus, faz-nos generosos para contigo! Que te amemos como essa mulher: sem reservas, sem fazer contas! Ó Senhor, que nos amaste até o extremo, ensina-nos a te amar assim também, colocando nossos perfumes, isto é, aquilo que temos de precioso, a teus pés! Então, o mundo será melhor, porque o bom odor do amor haverá de se espalhar como testemunho da tua presença!

Fiquemos com estes santos pensamentos, preparando-nos durante toda esta semana para o tríduo pascal, que terá seu cume na santa vigília da Ressurreição! Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos, porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

ORAÇÃO
Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento de sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Amém!

Editado por MFC ALAGOAS

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