NOTA DA CNBB SOBRE ÉTICA E PROGRAMAS DE TV |
Têm chegado à CNBB diversos pedidos de uma manifestação a respeito do baixo nível moral que se verifica em alguns programas das emissoras de televisão, particularmente naqueles denominados Reality Shows, que têm o lucro como seu principal objetivo. Nós, bispos do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), reunidos em Brasília, de 15 a 17 de fevereiro de 2011, compreendendo a gravidade do problema e em atenção a esses pedidos, acolhendo o clamor de pessoas, famílias e organizações, vimos nos manifestar a respeito. Destacamos primeiramente o papel desempenhado pela TV em nosso País e os importantes serviços por ela prestados à Sociedade. Nesse sentido, muitos programas têm sido objeto de reconhecimento explícito por parte da Igreja com a concessão do Prêmio Clara de Assis para a Televisão, atribuído anualmente. Lamentamos, entretanto, que esses serviços, prestados com apurada qualidade técnica e inegável valor cultural e moral, sejam ofuscados por alguns programas, entre os quais os chamados reality shows, que atentam contra a dignidade de pessoa humana, tanto de seus participantes, fascinados por um prêmio em dinheiro ou por fugaz celebridade, quanto do público receptor que é a família brasileira. Cônscios de nossa missão e responsabilidade evangelizadoras, exortamos a todos no sentido de se buscar um esforço comum pela superação desse mal na sociedade, sempre no respeito à legítima liberdade de expressão, que não assegura a ninguém o direito de agressão impune aos valores morais que sustentam a Sociedade. | Dirigimo-nos, antes de tudo, às emissoras de televisão, sugerindo-lhes uma reflexão mais profunda sobre seu papel e seus limites, na vida social, tendo por parâmetro o sentido da concessão que lhes é dada pelo Estado. Ao Ministério Público pedimos uma atenção mais acurada no acompanhamento e adequadas providências em relação à programação televisiva, identificando os evidentes malefícios que ela traz em desrespeito aos princípios basilares da Constituição Federal (Art. 1º, II e III). Aos pais, mães e educadores, atentos a sua responsabilidade na formação moral dos filhos e alunos, sugerimos que busquem através do diálogo formar neles o senso crítico indispensável e capaz de protegê-los contra essa exploração abusiva e imoral. Por fim, dirigimo-nos também aos anunciantes e agentes publicitários, alertando-os sobre o significado da associação de suas marcas a esse processo de degradação dos valores da sociedade. Rogamos a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, luz e proteção a todos os profissionais e empresários da comunicação, para que, usando esses maravilhosos meios, possamos juntos construir uma sociedade mais justa e humana. Brasília, 17 de fevereiro de 2011 Dom Geraldo Lyrio Rocha, Arcebispo de Mariana, Presidente da CNBB Dom Luiz Soares Vieira, Arcebispo de Manaus, Vice-Presidente da CNBB |
Não seja mais um voyeur nessa doentia audiência que enriquece a emissora com os votos dos bobos por telefone... Voyeurismo é doença - que Freud explica.
O "big brother” é uma idéia de George Orwel, em seu livro "l984”, escrito em 1948. A obra trata da transformação dos costumes de uma sociedade. Disfarçada de democracia, a Oceania vivia constantemente vigiada sob a batuta do onipresente Grande Irmão (Big Brother). Na obra, o controlador é um sistema que revela uma futurologia sobre máquinas e câmeras que espionam a vida das pessoas.
O BIG BROTHER
ou ‘Quando a moral vai pro brejo’
Antônio Mesquita Galvão
Doutor em Teologia Moral
Adital
Hoje, a sociedade brasileira é assaltada por um lixo televisivo chamado "Big Brother Brasil”, onde um grupo de aventureiros vai para uma casa, tudo patrocinado pela Rede Globo, onde se cometem as maiores barbaridades e inqualificáveis orgias, em nome da conquista de um milhão de reais, que é pago pelo resíduo dos milhares de telefonemas que os ingênuos dão para excluir alguém nos "paredôes”.
Rejeitado nos países desenvolvidos, o "Big brother”, ou BBB que teve seu modelo exportado para cá, faz um inaudito sucesso entre os tupiniquins da aldeia. Trata-se de um "caldo de cultura” de todas as mediocridades de nosso já tão deturpado modelo social. Para a Rede Globo se trata de uma ponderável mina de ouro. Cada ligação feita pelos babacas que querem eliminar alguns "herois” colocados no "paredão” geram valores, oriundos das ligações telefônicas, que pagam o custo da operadora, o prêmio (um milhão), as despesas da "casa mais vigiada do Brasil” e ainda enchem os cofres da emissora.
Desenvolvendo uma apologia à imoralidade das ações e dos diálogos dos participantes, o BBB dá asas à bisbilhotice dos despreparados. Tudo na programação levada a efeito pela Rede Globo dá um péssimo mau-exemplo a todos, especialmente aos jovens. Apesar disto, tem gente que, não contente em assistir incondicionalmente ao programa, todas as noites, ainda paga um "pay-per-view” para ver as intimidades dos participantes. Considerando que estes são desocupados, aventureiros e as mulheres oportunistas, ávidas pelas câmeras da Play Boy. E Pedro Bial ainda tem a coragem de chamá-los de "herois”.
As câmeras vasculhando a vida das pessoas 24 horas por dia, criam um novo tipo devoyeurismosocial, onde o que importa é ver a fulaninha tomando banho, o cicrano fazendo cocô e a turma debaixo dos lençois. O BBB é um hino à mediocridade e à desfaçatez moral. É o ápice da inconsistência social.
Esta é uma das tantas iniciativas da televisão de moldar os costumes e a moral do povão. E dizem que isto é comunicação. Na obra de Orwel, as fábricas continham placas com o lema: "dois mais dois são cinco se o partido quiser”. No Brasil se pode afirmar que "dois mais dois são cinco se a Rede Globo quiser”.
Falando em comunicação eu me lembrei de São Paulo apóstolo. Aquele, sim, era um comunicador! Lutando com todas as dificuldades ele levou a mensagem do evangelho a todo mundo. Já pensaram se ele tivesse disponível a Internet? Ou um laptop para mandar suas cartas? Ou uma linha aérea que o levasse de Tarso a Atenas?
Ainda no terreno da imaginação, será que São Paulo gostaria do BBB da Globo? O que ele diria a respeito desse "fenômeno”? "Ao invés de pensar, os homens obscureceram suas mentes vazias; pretendendo-se sábios, revelaram-se tolos”. "Desprezando o conhecimento de Deus, foram abandonados ao sabor de uma mente incapaz de julgar, cheia de injustiça, perversidade, malícia e deslealdade”. "Não se amoldem às estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente”. "Vivamos honestamente, como em pleno dia: não em orgias e bebedeiras, prostituição e libertinagem, brigas e ciúmes. Mas vistam-se do Cristo, e não sigam os instintos egoístas”. E, por fim "Vai chegar o tempo que não suportarão ouvir a doutrina, desviarão os ouvidos da verdade para se alimentarem de fábulas”.
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