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MÁFIAS DE HOJE E DE ONTEM
Helio Amorim
MFC/RJ
A presidente segue destemida com a faxina que já a levou a perder três ministros e algumas dezenas de executivos de alto escalão da república. Parlamentares da base do governo se rebelam e fazem pirraça: não votamos nada enquanto essa mania de limpeza não parar. Medo evidente dos respingos de sabão.
Olhando mais longe, vemos os indianos nas praças das cidades, bradando contra a corrupção generalizada. O motivo foi a prisão de um líder popular, ativista político de 74 anos, por suas denúncias contra a corrupção no país, lançando-se a uma greve de fome.
Na China, o presidente afirma em discurso que "a corrupção é uma ameaça de morte para o país e para o Partido Comunista chinês, pois acaba com a confiança do povo nos dirigentes". Estima-se por lá que os desvios passem de 120 bilhões de dólares. Mas o governo manda fechar o site de um internauta que coletava denúncias de corrupção e já exibia 10 mil na primeira semana. Para um país que enforca os condenados por corrupção já se vê que a ameaça do castigo não barra a roubalheira.
Estes são exemplos que infestam as páginas dos jornais das últimas semanas. Para a população passa a impressão de um quadro de corrupção generalizada no país e no mundo. Já temos avaliado, neste espaço, o potencial contagioso desse comportamento criminoso. A doença se alastra em nível epidêmico, de cima para baixo. Está configurada uma crise ética planetária, agravada por um conformismo histórico somente agora explodindo em praças do mundo.
Em nosso país, os cidadãos acompanham revoltados os episódios revelados por investigações competentes da Polícia Federal e dos agora mais ativos órgãos de controle do governo, mas ainda não se esboça uma reação nas ruas contra a lentidão das condenações. Batalhões de advogados bem remunerados com dinheiros roubados do povo por seus clientes, conseguem em poucas horas um refrescante habeas corpus, a que o ladrão de margarina do supermercado não tem acesso. Passos seguintes serão recursos, agravos, mandados de segurança e todo um extenso cardápio de medidas protelatórias de sentenças definitivas que as retardarão por muitos anos, com riscos de prescrição do crime.
É hora de reformas profundas nos códigos de processos judiciais e penal, para aliviar o peso nas prateleiras dos tribunais e o estresse dos juízes. Essa agilidade é requisito essencial da justiça. A longevidade estéril dos processos são um evidente incentivo à bandidagem.
É urgente incluir essa reforma na pauta do Congresso Nacional para sustar o assalto aos dinheiros do povo depositados nos cofres do governo repetidamente arrombados por essas máfias.
E aumentar as vagas nas cadeias.
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