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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

CORREIO INFA Nº 65


  
                     
PARA A INICIAÇÃO NA FÉ
Deonira L. Viganó La Rosa
Terapeuta de Casal e Família. Mestre em Psicologia.
  
P
articipando de Celebração Eucarística na Igreja Santa Mônica, Leblon – Rio de Janeiro, em agosto deste ano, tive uma agradável surpresa. À minha frente vejo que se instala uma família francesa: pai, mãe, um bebê, um menino de 4 anos e uma menina de 6.  Mal entram, as crianças recebem de seus pais uma caixa, de fundo duplo, onde leio: “Ma petite valise pour aller a la Messe” (minha maleta para ir à Missa).

Vejo que abrem e retiram dois livrinhos, dois cadernos de colorir e os lápis de cor. Então observo que começam a pintar as figuras bíblicas e a menina lê as alegres histórias sobre Jesus e fatos do Antigo Testamento; histórias curtas e simples, letras grandes. No livrinho ”Mon petit missel” (meu pequeno missal), elas pintam figuras que representam o que o padre faz no altar, os pais interagindo e chamando-lhes a atenção para momentos importantes do que está acontecendo na Igreja, como a comunhão, o pai nosso e o abraço da paz. Fico encantada e, no fim da celebração, digo aos pais que jamais vira esta cena no Brasil. A menina vem até mim, lê e explica o que está no livrinho. Fico emocionada. Os pais comentam que esta maleta é um precioso aliado para a iniciação das crianças na fé e que no seu país dispõem deste e de outros materiais semelhantes, inclusive para crianças maiores. Assim não ficam enfadadas, perguntando todo tempo se já vai acabar a missa, pois dela não têm chance de entender nada.

Confirmo o que já sabia: A criança descobre Deus, Jesus e as questões da fé, no recôndito do lar, no aconchego dos pais. Os pais são os primeiros e maiores responsáveis pela formação dos valores cristãos nos filhos. Não resta dúvida.

Fico triste quando pais me contam que, ainda hoje, em algumas paróquias, a catequese inicia pela obrigação de frequentar a missa todo domingo, e dependendo do número de faltas, a criança não poderá fazer a comunhão. A Eucaristia não seria um ponto alto, aparecendo quando a pessoa já tem suficiente compreensão de quem é Jesus, o que ensinou e o que significa ser seu seguidor, partilhar a vida, o pão, o saber? Jesus disse: “... vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, depois vem ao altar e faze tua oferenda”. Sei que não existe um antes e um depois exatos, as coisas são concomitantes, mas há um momento para tudo. Não seria interessante uma perene avaliação de quais são os momentos adequados para cada iniciação?     

De onde nos vem esta crença de que o rito antecede a compreensão, a adesão a Jesus e a prática do que Ele ensinou? Entendo que os ritos existem justamente para que a Comunidade expresse a sua fraternidade e receba força para viver o amor no cotidiano, único mandamento de Cristo. Sem isto, de nada adiantam ritos. Aliás, a Eucaristia não é mero rito, é - deveria ser - um encontro da comunidade onde todos têm como dever reforçar sua obrigação de partilhar o pão com os mais necessitados: repartir o que são e o que têm. Este é o indicador de que a Eucaristia é eficaz.

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