DIVULGUE OS EVENTOS DO MFC DE SUA CIDADE – ENVIE UMA MENSAGEM PARA: mfcnoticias@gmail.com
domingo, 31 de março de 2013
LITURGIA DO DOMINGO DE PÁSCOA - 31/03/2013
DOMINGO DE PÁSCOA
PRIMEIRA LEITURA (At 10,34a.37-43)
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele. E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz.
Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos. E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos. Todos os profetas dão testemunho dele: Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus!
RESPONSÓRIO (Sl 117)
— Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!
— Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!/ ‘Eterna é a sua misericórdia!”/ A casa de Israel agora o diga:/ “Eterna é a sua misericórdia!”
— A mão direita do Senhor fez maravilhas,/ a mão direita do Senhor me levantou./ Não morrerei, mas, ao contrário, viverei/ para cantar as grandes obras do Senhor!
— A pedra que os pedreiros rejeitaram/ tornou-se agora a pedra angular./ Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:/ Que maravilhas ele fez a nossos olhos!
SEGUNDA LEITURA (Cl 3,1-4)
Carta de São Paulo apóstolo aos Colossenses:
Irmãos: 1Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, 2onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. 3Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus.
4Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus!
EVANGELHO (Jo 20,1-9)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido tirada do túmulo.
2Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”.
3Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. 4Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou.
6Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão 7e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte.
8Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou.
9De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!
REFLEXÃO
“RESSUSCITEMOS PARA A VIDA NOVA”
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R.
SOMOS TESTEMUNHAS
Na celebração da Vigília Pascal recebemos um profundo ensinamento das leituras da Palavra de Deus que proclamaram a presença do Ressuscitado e nos deram o sentido de sua Ressurreição. Diversos foram os símbolos usados como o fogo, a luz, a água, o canto e a comunidade, para nos introduzir neste mistério. Fomos envolvidos pela renovação das promessas do Batismo e pela celebração da Eucaristia. Neste Domingo de Páscoa podemos cantar o “Aleluia”, pois o Pai ressuscitou Seu Filho e a nós que cremos Nele. Cristo, morrendo, destruiu a morte, ressurgindo deu-nos a vida (prefácio). Nós somos testemunhas do acontecimento da Ressurreição porque acolhemos o testemunho dos Apóstolos como Pedro afirma na casa de Cornélio: “E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles O mataram, pregando-O numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,40-41). São testemunhas de um Vivo. O contato com Jesus vivo, depois de ter passado pela morte e ressuscitado, deu aos apóstolos e aos discípulos força de anúncio e libertação de todos os males, como o fora o próprio Jesus que “ungido pelo Espírito e com poder, andou por toda parte fazendo o bem e curando a todos que estavam dominados pelo demônio” (38). Assim Pedro reconhece a presença do Espírito na casa de Cornélio, centurião romano. Ali mesmo reconheceu que a boa notícia é para todos. O Espírito é dado também aos pagãos. Por isso podem também receber o batismo. A Ressurreição é obra de Deus.
NÃO BASTA VER, É PRECISO CRER
Os discípulos Pedro e João, ao anúncio de Madalena, correm ao túmulo. Pedro entrou no túmulo e viu. João viu e creu. É a fé na Ressurreição que garante o testemunho. É o Espírito que vai abrir a mente para que entendam. Ele está vivo. A mulher é a primeira testemunha, como a Igreja é a primeira a testemunhar que Cristo está vivo e a garantia de sua presença no meio de nós. O Espírito ensina que a fé na Ressurreição é garantia de vida eterna. Morrendo destruiu a morte, ressurgindo deu-nos a vida (prefácio). A nós também cabe não somente saber, mas crer, isto é, transformar a vida a partir dos frutos da Ressurreição que é a Vida Nova. Paulo insiste: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto; ... Aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl 3,1-2). Crer significa um novo modo de viver. Não há fé só intelectual, mas gera o modo de vida. Ela conduz também ao anúncio da certeza da Ressurreição.
VIDA ESCONDIDA EM CRISTO
Fazemos parte da História da Salvação. A Ressurreição nos une a Cristo, como disse Paulo: “Vós morrestes e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Cl 3,3). Estar com a vida em Deus é o novo nascimento. A fé nos gera para Deus. Celebrando os mistérios pascais, chegamos à luz da Ressurreição. E a Igreja se renova e renasce (Oferendas). A mudança de conduta acontece quando nos abrimos à caridade. Tiramos as pedras da porta do sepulcro de nosso coração e manifestamos o Resuscitado. A Páscoa não é um acontecimento passado. Acontece em cada ato de amor. A festa da Páscoa acenda sempre em nós o desejo do Céu (Vigília). Não desanimar quando tudo parece perdido. Ninguém está perdido. A todos, em Cristo foram escancaradas as portas do Céu. Cada Eucaristia torna presente a Ressurreição. Por isso dizemos: fazendo memória da Ressurreição.
ORAÇÃO
Ó Deus, por vosso Filho Unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concedei que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova. Amém!
Editado por Jorge – MFC ALAGOAS
sábado, 30 de março de 2013
SÁBADO DE ALELUIA
S
|
ábado de Aleluia é um dia de comemoração no
calendário de feriados religiosos do Cristianismo, sempre antes da Páscoa. O
Sábado de Aleluia é o último dia da Semana Santa.
O Sábado Santo pode cair entre 21 de março e
24 de abril, e nesse sábado é celebrada a Vigília pascal depois do anoitecer,
dando início à Páscoa. Sábado de Aleluia é o sábado anterior ao domingo de
Páscoa, onde se acende o Círio Pascal, uma grande vela que simboliza a luz de
Cristo, que ilumina o mundo. Na vela, estão gravadas as letras gregas Alfa e
Ômega, que querem dizer "Deus é o princípio e o fim de tudo”.
Na tradição católica, os altares são
descobertos, pois assim como na Sexta-Feira Santa, não se celebra a Eucaristia.
As únicas celebrações que fazem parte é a Liturgia das Horas. Além da
Eucaristia, é proibido celebrar qualquer outro sacramento, exceto o da
confissão.
É também no Sábado de Aleluia que se faz a
tradicional Malhação de Judas, representando a morte de Judas Iscariotes.
sexta-feira, 29 de março de 2013
SEXTA-FEIRA SANTA
Por Emílio
Portugal Coutinho.
Conteúdo publicado
em gaudiumpress.org
H
|
oje, Sexta-feira Santa recorda-se a Paixão e
morte do Salvador. Todas as funções deste dia estão repassadas de luto pesado,
pois é dia consagrado ao memorial da morte de Nosso Senhor.
Os paramentos negros. A omissão do Dominus
vobiscum. A falta de instrumentos de música. Nenhum toque de sinos. O altar,
frio e despido. Desocupado e aberto, o tabernáculo. Na frente dele, uma cruz
com véu negro. Nos candelabros, há velas de cera amarela como nos dias de
funerais. Em tudo reina a tristeza, a desolação profunda.
É, para a Igreja, um dia especialíssimo,
portanto, de grande silêncio, oração, penitência, sobretudo jejum e abstinência
de carne. Nesse dia não há ofertório e nem consagração, mas faz-se a comunhão
eucarística.
A celebração da Paixão do Senhor é
constituída de três partes: A liturgia da palavra, a adoração da cruz e a
comunhão eucarística.
LITURGIA DA PALAVRA
Às três horas da tarde inicia-se a celebração
da Paixão do Senhor. O celebrante e os ministros sagrados são paramentados de
preto em sinal de grande luto. Chegando ao pé do altar, prostram-se, e rezam em
silêncio por alguns instantes. Esta atitude humilde é a expressão da mágoa
imensa que lhes acabrunha a alma com a evocação do grande mistério do Calvário.
Durante este tempo, estende-se no altar uma só toalha, recordando o Sudário que
serviu para envolver o Corpo de Nosso Senhor. Então, o sacerdote sobe os
degraus do altar e oscula-o. Estando todos sentados, são feitas as duas primeiras
leituras com o respectivo salmo. Logo a seguir, é cantada a Paixão segundo São
João, da mesma forma que foi feito no domingo de Ramos. Quando chega na parte
em que diz que Nosso Senhor entregou o seu espírito, todos ajoelham, e ficam
assim por alguns instantes.
Canta-se a Paixão de Jesus Cristo segundo o
evangelho de São João, porque ele é o quarto evangelista e porque, ficando
debaixo da cruz, foi testemunha ocular da crucificação. Por isso convém que
seja ouvido neste dia.
Durante muitos séculos, os fiéis procuravam,
nesse dia, não fazer barulho e, especialmente, evitavam bater em algo, evitando
a sensação daquele ruído terrível do martelo cravando Jesus na Cruz. Nada de
canto, de música, de sinais de alegria, de recreação. Trabalhava-se o mínimo
possível, só naquilo que era de extrema necessidade. O tempo era para oração,
leitura, meditação, avaliação da vida, partilha do sofrimento de Jesus.
ORAÇÃO UNIVERSAL
Acabado o canto da paixão, começa o
celebrante as Orações conhecidas por Admoestações porque o prelúdio consta,
para cada uma, de advertência, a modo de prefácio em que o sacerdote diz o
objeto da prece a seguir. São nove estas orações, e alguns julgam ser de origem
apostólica. O celebrante reza:
1º - Pela Santa Igreja;
2º - Pelo papa;
3º - Por todas as ordens e categorias de
fiéis;
4º - Pelos catecúmenos;
5º - Pela unidade dos cristãos;
6º - Pelos judeus;
7º - Pelos que não creem em Cristo;
8º - Pelos que não creem em Deus;
9º - Pelos poderes públicos;
10º - Por todos os que sofrem provações.
A Igreja reza nessas rogações, pelos que
nunca pertenceram ou já não pertencem ao seu grêmio. O motivo é para não
esquecermos que o Salvador morreu por todos os homens, e para implorar em
benefício de todos, os frutos da sua Paixão.
Entre cada uma das orações que são feitas, o
diácono diz: Flectamus genua. Então todos se ajoelham por alguns instantes, e
rezam em silêncio, até que o mesmo diácono diz: Levate, então todos se
levantam.
ADORAÇÃO DA SANTA CRUZ
Na sexta-feira santa adora-se solenemente a
Cruz, porque, tendo sido Jesus Cristo pregado na Cruz, e tendo morrido nela
naquele dia, a santificou com o seu Sangue.
A cerimônia da adoração da cruz tem a sua
origem na veneração da verdadeira cruz conservada em Jerusalém, por volta do
século IV. A cruz se colocava numa mesa coberta com um pano branco. Os fiéis
veneram-na, tocam-na com a fronte e os olhos; não o podiam fazer com a mão nem
com a boca. Pois um devoto arrancou com os dentes uma relíquia da santa cruz.
Agora a imagem do Crucificado é colocada sobre um pano roxo estendido nos
degraus do altar ou do coro.
Eis o rito: O celebrante tira a casula e,
ficando ao pé do altar, descobre o alto da cruz e canta: "Ecce lignum
Crucis" (Eis o lenho da Cruz (, do qual pendeu a salvação do mundo)). Os
ministros que lhe assistem, continuam com ele: "Venite, adoremus"
(Vinde adoremo-lo). Ao mesmo tempo, prostram-se todos. O celebrante, não. Este,
depois, vai para o lado direito do altar; descobre o braço direito da cruz,
mostrando-o, e repete em tom mais elevado: "Ecce lignum Crucis", etc.
Enfim, alcançou o meio do altar. Descobre completamente a cruz, e, ergue-a e
canta, terceira vez, em tom ainda mais alto: "Ecce lignum Crucis",
etc. Então, o oficiante deposita a cruz nos degraus do altar, para que seja
adorada por todos os clérigos e fiéis presentes. O canto: Ecce lignum Crucis é
usado desde o século IX-X.
É desnudada a cruz lembrando que os judeus
desnudaram o Filho de Deus. Esta impressionante cerimônia se faz em três atos
para significar três atos principais de irrisão cruel da vítima da sanha
judaica:
1º Quando, no átrio do sumo sacerdote,
cobriram a santa face de Nosso Senhor, e lhe deram bofetadas. Por isso a
primeira vez não se descobre a santa face do crucifixo (Lc 23, 64).
2º Quando o Rei da glória, coroado de
espinhos, foi escarnecido pelos soldados com genuflexão e as palavras:
"Ave, rei dos Judeus". Por isso na segunda vez se mostra a santa
cabeça e a santa face do Rei do universo (Mt 27, 27-30).
3º Quando o Filho do Todo-poderoso, despojado
dos seus vestidos, estava crucificado e foi insultado com a blasfêmia:
"Ah! Tu podes destruir o templo e outra vez o edificar; salva-te!"
Por isso, na terceira vez o crucifixo se mostra todo descoberto (Mt 27, 40).
Durante a adoração da Cruz, cantam-se as
antífonas chamadas "Impropérios" (do latim improperium, que quer
dizer "censura"), porque encerram repreensões dirigidas aos judeus
pela voz dos profetas. Cada antífona destas enumera um determinado benefício de
Deus, a favor do povo judaico, e põe em face a correspondente ingratidão do
mesmo povo.
MISSA DOS PRESSANTIFICADOS
Antigamente chamava-se essa terceira parte da
celebração da Paixão do Senhor, "Missa dos Pressantificados":
1 - Missa. Na verdade, não é muito próprio o
termo, pois não há consagração e, portanto, sacrifício. Deram-lhe, no entanto,
este nome, porque repete certo número dos ritos da missa.
2 - dos Pressantificados. Por causa da
Santíssima Hóstia, consagrada na Missa da Quinta-Feira Santa. O vocábulo
Pressantificados significa, pois, dons santificados, consagrados previamente.
Estando a acabar a Adoração da Cruz,
acendem-se as velas do altar e vai-se, em silêncio, em procissão, à capela
aonde se encontram as hóstias consagradas. Voltam, trazendo a Santa Reserva,
com o canto, não já do Pange língua que e hino de júbilo, mas do Vexilla Regis,
que é o hino da Cruz.
Quando a procissão regressou, o Celebrante
coloca sobre o altar o Santíssimo Sacramento. Depois, diz Orate frates, etc;
mas ninguém responde,e logo vem o Pater com o respectivo prefácio. Então, ergue
na patena a Sagrada Hóstia, para os assistentes adorarem. Faz a fração como na
missa ordinária, diz a terceira oração antes da comunhão e o "Domine non
sum dignus". Finalmente, comunga, toma as abluções e retira-se em
silêncio. Recitam-se agora as Vésperas, sem canto, sem luzes, querendo mostrar,
com isso, que se apagou, morrendo na cruz, a luz do mundo, Nosso Senhor Jesus
Cristo.
O celebrante diz: In spiritu humilitatis...
et sic fiat sacrificium. Nesta oração a palavra "sacrificium"
significa hoje o sacrifício espiritual da penitência (Sl 50). Por isso, o
celebrante pode dizer: "Orate frates... ut meum sacrificium (de
penitentia)..." Mas o povo não pode responder: "Suscipiat... de
manibus tuis", porquanto estas palavras significam o sacrifício sacramental,
o qual não se oferece.
O celebrante não diz: Pax Domini, nem a
primeira oração antes da comunhão, porque não se dá a paz no dia em que Nosso
Senhor foi repelido pelos judeus inimigos com o grito: "Não temos
rei".
O celebrante não reza: "Haec
commixtio", nem a segunda antes da comunhão, nem Quid retribuam, Corpus
tuum, Placeat, porque nestas orações se menciona ou o Santíssimo Sangue, que
não está no altar, ou o sacrifício eucarístico, que não se oferece.
O celebrante não diz: Dominus vobiscum,
porque o único sacerdote, Jesus Cristo, foi morto e não pode mais falar, e não
está mais conosco.
CORREIO MFC BRASIL Nº 317
DE POBREZA E COMPAIXÃO
NEI ALBERTO PIES
PROFESSOR E ATIVISTA EM DIREITOS HUMANOS
“Se eu dou comida a um pobre, chamam-me de santo, mas se eu pergunto por que ele é pobre,
chamam-me de comunista” (Dom Helder Câmara)
A defesa das causas dos pobres é uma tarefa muito árdua. Exige-nos mais do que compreensão, discursos e teorias sobre a pobreza, mas, sobretudo, compromisso e compaixão. Somos muito preconceituosos para com o sofrimento e a situação indigna como vivem os pobres. Desconhecemos a sua realidade e não queremos mexer na raiz dos nossos problemas: a nossa forma de organizar o mundo.
É
|
muito forte entre a gente a ideia de que pobres são coitados, por isso desprovidos de sorte e de bens. Se não lutam, são preguiçosos. Se lutam e exigem mudanças tornam-se perigosos. Mesmo quando passam fome, insistimos em dizer que eles ainda deveriam ser capazes de sonhar.
Só a lucidez da razão e a sensibilidade podem tratar bem das questões da existência e convivência humanas. Na visão ocidental, desenvolvemos a ilusão de que só a razão nos dará respostas aos problemas humanos. Nem a razão ornamental (que serve de ornamento), nem a razão instrumental (ferramenta para transformar a realidade) são capazes de justificar o sofrimento e a realidade daqueles que excluímos socialmente (os pobres). Os pobres não são invenção, não são uma ideia. Os pobres são reais. Os pobres existem, e sofrem a violação da sua vida e dignidade.
Leonardo Boff, defensor incansável das causas dos pobres e oprimidos, afirma que são três as compreensões que se tem da pobreza. Uma primeira, clássica, é a ideia de que o pobre é aquele que não tem. A estratégia então é mobilizar quem tem para ajudar a quem não tem, através de ações assistencialistas, sem reconhecer a potencialidade dos mesmos. A segunda ideia, moderna, é aquela que descobre os potenciais do pobre e compreende que o Estado deve fazer investimentos para que ele seja profissionalizado e potencializado, com vista à inserção no mundo produtivo. Ambas as posições desconsideram, na visão de Boff, que a pobreza é resultado de mecanismos de exploração, que sempre geram enormes conflitos sociais. Boff acredita que é preciso reconhecer as potencialidades dos pobres não apenas para engrossarem a força de trabalho, mas principalmente para transformarem o sistema social. Os pobres, organizados e articulados com outros atores da sociedade, são capazes de construir uma democracia participativa, econômica e social. “Essa perspectiva não é nem assistencialista nem progressista. Ela é libertadora”.
Só a compaixão se reveste de libertação. A compaixão não é sofrer pelos outros, mas sofrer com eles. O sofrer com os outros permite colocarmo-nos no seu lugar. Ver a partir dos seus pontos de vista e das suas realidades. É também deixar-se transformar, permitindo que os nossos mais nobres sentimentos se traduzam em ações concretas a favor dos pobres, fracos e marginalizados.
Poucos vivem a compaixão. Muitos perderam a sensibilidade, o que os impossibilita de viver a caridade e o amor ao próximo. Outros preferem atribuir aos pobres a culpa pela sua situação de miséria e vulnerabilidade. Outros discursam democracia, não perguntando se esta propicia as mesmas condições e oportunidades a todos, como ponto de partida. Porque o ponto de chegada depende de cada um de nós. E muitos, em grande número, tratam como crime a atitude de quem luta por causas humanitárias, quando estas exigem uma mudança na estrutura e organização da sociedade. “As pessoas são pesadas demais para serem levadas nos ombros. Leve-as no coração”, disse Dom Hélder Câmara. Este é o sentido maior da compaixão para com os pobres: não os defendemos por serem bons ou anjos, mas porque são parte de uma sociedade desigual, que não sabe lidar com eles.
O recém eleito Papa Francisco anuncia o seu desejo: “como eu gostaria de uma igreja pobre, para os pobres”. Desejemos também nós praticar a compaixão para erradicar a pobreza no Brasil e no mundo.
FRASES PARA LER E PENSAR
Antoine de Saint-Exupéry
(de “O Pequeno Príncipe”)
Disse a flor para o pequeno príncipe: “É preciso que eu suporte duas ou três lagartas, se eu quiser conhecer as borboletas”.
Foi o tempo que dedicastes à tua rosa que fez tua rosa tão importante
Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.
Não chores por ter perdido o pôr do sol, pois as lágrimas te impedirão de contemplar as estrelas.
Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla.
Quando você dá de si mesmo, você recebe mais do que dá.
Determinada flor é, em primeiro lugar, uma renúncia a todas as outras flores. E, no entanto, só com esta condição é bela.
O verdadeiro homem mede a sua força, quando se defronta com o obstáculo.
Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E serei para ti única no mundo.
O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem.
Foi o tempo que investiste em tua rosa que fez tua rosa tão importante
Si vous venez à quatre dans l'après-midi, puisque les trois, je commence à être heureux.
DE-CISÃO...
JORGE LEÃO – MFC MARANHÃO
Ao longo da vida, somos levados a de-cidir sobre os rumos de nossa trajetória. Dia após dia, o tempo nos cobra posturas de-cisivas. Escolhas profissionais, valores pessoais, conflitos afetivos, relações interpessoais, frequentemente surgem como fantasmas, assombrando o universo mental da humanidade.
O
|
ensinamento da sabedoria milenar dos mestres iluminados traz, no entanto, um simples e singelo provérbio, bem atual: “faz de tua boca um canal de água pura”. De-cidir pela pureza das palavras...
Por conseguinte, várias serão as consequências desta de-cisão. A mudança de espaço (não propriamente físico) é o primeiro sinal. Ou seja, a presença de uma atitude mental renovada. Isso nos ajuda a refletir mais acuradamente sobre os pontos de conflito entre hábitos, valores e atitudes. Quando eu opto, por exemplo, por beber água, em vez de refrigerante, estabeleço uma cisão, isto é, uma separação ou quebra no percurso até então estabelecido.
Como sabemos, adentrar no caminho desta jornada não é fácil, pois nos cobra responsabilidade, e isso tem implicações pessoais profundas no cotidiano. Não se trata apenas de uma “mudança de hábitos”, mas de olhar o mundo com os olhos da cisão.
Como de-cidimos pelo deslocamento do antigo espaço habitado, então passamos a buscar outros modos de habitação. Somos com isso lançados no terreno da escassez. Sentimo-nos como abandonados em um deserto. O deserto da de-cisão.
Por isso, caminhar ao longo de uma estrada com pedras, repleta de árida presença de plantas contorcidas e gafanhotos, água escassa, calor escaldante durante o dia e frio intenso à noite, pode gerar medo e desconforto. O deserto, então, torna-se uma realidade à nossa frente.
De-cidimos, contudo, atravessá-lo...
Nesta travessia, uma constante sensação de perda parece dilacerar a alma, a cada passo, a cada de-cisão. Ir por um caminho é optar não ir por outro. Um jogo de-cisivo, mas profundamente transformador.
Após esta longa e sofrida jornada, renascemos para a adesão, a fim de sermos renovados pela água cristalina da renovação interior. Surge assim o caminho da pureza, pois a aridez do deserto foi ultrapassada. O novo caminho a seguir vislumbra os primeiros sinais de mudança, agora compreendida como fruto de uma adesão.
A adesão prepara o terreno para a práxis, isto é, a ação livre e consciente. Quando assumimos os riscos de nossas de-cisões, e aderimos ao projeto incondicional da luta pela vida, nossas ações tornam-se translúcidas como as palavras do Mestre: “nem só de pão vive o homem”...
A ação toma agora a dimensão da livre adesão, ao que chamamos de “liberdade dos filhos de Deus”. Ao sairmos da situação aprisionada pelo horizonte limitado do egoísmo, respiramos a ternura dos lírios do campo, oxigenados pela simplicidade dos gestos de paz.
É um caminho árduo, mas ele nos aponta para a plenitude. Por isso, a cada dia, nossa de-cisão nos aponta uma adesão, livre e consciente, fundada na alegria duradoura do espírito sereno e transformador do amor.
O amor, sereno e benfazejo, translúcido auspicioso a nos dizer: de-cide.
Nota da Comissão Brasileira Justiça e Paz, vinculada à CNBB, sobre a eleição da Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados
A eleição da nova Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) suscitou questionamentos de amplas parcelas da sociedade civil que atuam, historicamente, na defesa e promoção dos direitos humanos e das minorias.
A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), organismo vinculado à CNBB, manifesta sua solidariedade a estas mobilizações da sociedade civil, responsável por tornar a CDHM órgão permanente do Legislativo. À CDHM cabe enfrentar as inúmeras violações à dignidade da pessoa humana e estimular os debates e reflexões que favoreçam a criação e efetivação de políticas de Estado em favor da dignidade humana.
Os justos questionamentos à eleição desta Presidência expressam a indignação diante de “acordos políticos” que desconsideraram a essencialidade da CDHM, reduzindo a sua grandeza. O episódio deixa transparecer a frágil e incompreendida pauta dos direitos humanos entre alguns partidos políticos que, ao colocá-la em segundo plano, retrocederam nas suas escolhas e prioridades.
A imediata reação contrária à nova Presidência da CDHM reforça a convicção de que a atuação da Comissão no parlamento não pode retroceder e que sua missão transcende os interesses particulares, tendo em vista que os objetivos da CDHM presumem uma interação constante com a sociedade civil.
Brasília, 22 de Março de 2013
Pedro Gontijo
Secretário Executivo da CBJP
NOTA DESTE CORREIO
O presidente eleito pelos parlamentares da Comissão Parlamentar de Direitos Humanos tem feito declarações racistas e antiéticas, tornando seu nome incompatível com a presidência dessa Comissão e mesmo da sua condição de deputado federal.
quinta-feira, 28 de março de 2013
INSCRIÇÕES PARA O 18º ENA ENCERRA-SE DIA 31 DE MARÇO
E
|
ncerra-se no próximo domingo – 31 de março de
2013, as inscrições para participar do 18º ENA – ENCONTRO NACIONAL DO MOVIMENTO
FAMILIAR CRISTÃO que acontecerá de 6 a 12 de julho do corrente ano em Vitória
da Conquista – Bahia.
O processo é totalmente on-line e realizado
no Site do MFC VITÓRIA DA CONQUISTA - www.mfcconquista.org
onde o internauta encontrará um questionário com perguntas e respostas sobre o
ENA, uma espécie de tira-dúvidas que ajudará a todos no processo de inscrição,
visando o esclarecimento de alguns pontos importantes.
Com a criação do formulário digital, de fácil
entendimento e autoexplicativo, o interessado fará o preenchimento e aguardará
a validação de sua inscrição pelo coordenador de seu estado.
Todo mefecista poderá acompanhar tudo que
acontece no 18º ENA, bastando somente que se cadastre no newsletter disponível
no Site, um tipo de comunicação que divulgará semanalmente por e-mail,
informações sobre as principais ocorrências do evento. Para realizar o cadastramento o interessado
deverá incluir apenas seu nome e e-mail no site do MFC CONQUISTA.
OFICINAS
Os participantes do 18º ENA, ao se
inscreverem on-line, terão que optar pela oficina que deseja participar, é oferecido
11 diferentes opções de oficinas, o participante deverá se inscrever em duas
opções, para participar de uma.
CONFIRA A LISTA DE OFICINAS QUE ACONTECERÃO NO
18º ENA EM VITÓRIA DA CONQUISTA – BAHIA
Nucleação
e Caminhada dos Jovens;
Vivência
e experiência da nucleação no MFC no Brasil;
Religiosidade
e espiritualidade;
Resgatando
vida – experiência para o tratamento da sobriedade;
Envelhecimento
e sexualidade, vivência do tempo e relacionamento afetivo;
Consumismo
e sustentabilidade: como trabalhar a preservação do meio ambiente no MFC;
Conjugalidade
e parentalidade, desafios para as famílias hoje (marido e mulher, pais e filhos);
Formação
nas equipes-base: Reuniões e Temários, Fato e Razão;
Projetos
sociais e de formação: como organizar;
Papel
dos leigos e leigas na sociedade e na Igreja instituição;
Vivências
em grupos para a formação de novas lideranças.
quarta-feira, 27 de março de 2013
COMUNICAÇÃO DO 18º ENA SE REÚNE COM A INFRAESTRUTURA DO EVENTO
A
|
Equipe
de Comunicação do 18º ENA – ENCONTRO NACIONAL DO MFC, que acontece de 6 a 12 de
julho, em Vitória da Conquista – Bahia, reuniu-se na terça-feira, 19 de março,
para avaliar o trabalho realizado até agora e analisar novas propostas
relacionadas à comunicação interna e divulgação do evento que reunirá mais de
500 mefecistas de todas as regiões do Brasil.
O encontro, bastante dinâmico, contou com a
participação de Rubens Carvalho - Coordenação de Comunicação do ENA; Elisa
Batista - Comunicação MFC; Ildo Oliveira e Tênio da Mota - Coordenação de Infraestrutura
do ENA; e Alex Felix - Cria (Agência de
Publicidade).
A equipe definiu pela análise do cronograma
de atividades designadas para os membros da coordenação de comunicação do 18º
ENA; a forma de apresentação do portfólio; criação de um jornal impresso com
circulação mensal para motivar a participação dos mefecistas de Vitória da
Conquista no evento, mantendo atualizados os membros a respeito dos que
acontece nos bastidores.
Definiu ainda criar uma edição especial do
jornal para ser distribuído no ultimo dia do 18º ENA para os encontristas.
Outro ponto discutido e aprovado foi à proposta de desenvolver programas de
rádio e TV para ser exibido durante o ENA.
Durante o 18º ENA haverá um jornalzinho
diário, com notícias colhidas durante o evento. O portal de divulgação “Gotas
de Amor” também será realizado durante o ENA.
A equipe definiu também em marcar uma reunião
com os representantes religiosos-cristãos da comunidade para mantê-los
atualizados com o que acontece nos bastidores do 18º ENA.
terça-feira, 26 de março de 2013
CORREIO MFC BRASIL Nº 315
HORIZONTES
DA RELIGIÃO
EDUARDO
HOORNAERT
TEÓLOGO,
HISTORIADOR, ESCRITOR
Eduardo Hoornaert |
G
|
ostaria
de delinear aqui, de forma muito abreviada, alguns horizontes que condicionam
nossa visão da religião. Não enxergar esses horizontes é correr o perigo de
cometer erros graves de interpretação em termos de análise da religião.
São
cinco pontos.
1.
Religião não é conhecimento. Para nossos antepassados, religião significava
conhecimento. No largo período entre os anos 2000 aC e 1000 dC (entre o antigo
império egípcio e a expansão do islã), em todo o âmbito da África do norte, do
oriente médio e da Europa do sul, o culto a Deus era tido como ‘ciência’. Tudo
era interpretado por meio de imagens religiosas como caos e cosmos, criação e
fim de mundo, céu e inferno, bem e mal, virtude e pecado, salvação e condenação,
deus e satanás, vida e morte. Só a partir do ano mil da era cristã a
compreensão da religião e dos textos religiosos começa a mudar. Há uma lenta e
progressiva secularização da vida e do conhecimento que desemboca nos tempos em
que vivemos.
2.
Religião não é representação Quando se fala em religião, a primeira coisa que
costuma vir à mente é sua representação. Pensamos em religião protestante,
islâmica, espírita, católica, hindu, budista, embora muitos já percebam que
religião não é o mesmo que doutrina, moral ou dogma. Instâncias que organizam a
vida religiosa não devem ser confundidas com a religião em si. O dogma, por
exemplo, expressa o consenso estabelecido entre participantes de uma
determinada assembleia em torno de um ponto controvertido. Pertence, portanto,
ao registro da representação política. O mesmo se diga da celebração religiosa.
Em si, a celebração não é um ato religioso, se por religião se entende aquilo
que passa na intimidade da pessoa (fascínio, emoção, sonho, encanto). Há como celebrar
cerimônias religiosas com dignidade, sem que as pessoas envolvidas estejam
necessariamente imbuídas de sentimentos religiosos.
3.
Religião tem a ver com sistema neural. A religião pertence ao ser íntimo da
pessoa. Jorra da mesma fonte que produz música, poesia e arte. Há
neurocientistas que afirmam que a própria constituição de nosso corpo explica
as persistentes tendências religiosas que observamos ao longo da história da
humanidade. A religião seria a expressão de uma capacidade específica do ser
humano, que consistiria na capacidade de ‘sentir’ a presença de algo que não se
manifesta diretamente aos cinco sentidos, mas - de uma ou outra forma - se
‘revela’. Algo como pressentir, no tremular do capim, a possível presença de
uma cobra. A cobra se ‘revela’ por sinais quase imperceptíveis. Da mesma forma,
Deus se nos ‘revela’ e nos fornece uma explicação plausível para o emaranhado
de eventos que defrontamos na vida. Em suma, a capacidade de descobrir alguma
‘revelação’ nas coisas ou nos acontecimentos e de costurar esses eventos
‘revelados’ em enredo coeso constituiria o que chamamos religião. Vale a pena
acompanhar o que um neurocientista como Antônio Damásio tem a dizer sobre esse
assunto, especialmente quando escreve sobre o ‘cérebro sensível’ (the feeling
brain) e que ‘o cérebro cria o homem’.
4.
Religião não serve para explicar as coisas. O discurso religioso não profere
afirmações de cunho cognitivo nem emite opiniões. Não diz a verdade nem erra,
se por verdade e erro entendemos coisas relacionadas à cognição. Só erra (ou
acerta) quem emite opinião. O discurso religioso não tem opinião a defender,
pois não descreve ocorrências nem define objetos. Sua função consiste em
expressar sentimentos, dinamizar ações, oferecer segurança, ativar esperança,
abrir horizontes. No momento em que se quer saber qual o conteúdo cognitivo de
determinadas terminologias religiosas (como encarnação, aparição, ressurreição,
ascensão, céu, inferno, milagre, salvação), elas perdem seu sentido. Pois a
religião não serve para explicar as coisas, ela nos transporta para além do
universo da cognição e nos introduz no universo propriamente humano da ação e
revelação (no sentido acima indicado), do desejo, da esperança, do compromisso.
A religião não é nem indicativa, nem afirmativa, nem informativa. Quando alguém
diz ‘tenho fé em Deus’, ele não está se referindo a uma ocorrência, mas a uma
‘revelação’. Ele está em busca de um sentido para a vida. Por isso mesmo, quem
diz ‘não penso em Deus’, não diz o contrário de quem diz: ‘tenho fé em Deus’.
Apenas sente as coisas de maneira diferente. Quem diz ‘depois de minha morte,
serei julgado por Deus’ não contradiz aquele que diz ‘eu não penso no último
juízo’. Pois aqui não se trata de opiniões, mas de sentimentos. É por isso que
religião não se discute. Como não respeitar quem beija a foto de um ser
querido, manda celebrar uma missa por seu pai falecido ou pede a absolvição dos
pecados antes de morrer? Ateísmo e religião não são teorias rivais, são
sentimentos diferentes.
5.
Finalmente: não conhecemos a Deus. Somos herdeiros de uma longa tradição
bíblica, o que nos pode dar a impressão que ‘conhecemos a Deus’. Mas, já no
século XVII, o filósofo Spinoza (1633-1677) nos mostrou os perigos dessa
pretensão. Ele lembra que, embora todos os teólogos digam que Deus é mistério e
que esse mistério não é desvendado pela bíblia, houve sempre tentativas para
descobrir vestígios de Deus nos relatos bíblicos. Finalmente chegou-se à
conclusão que esses pretensos relatos são na realidade obras literárias, com
tudo que isso implica. Aos poucos, por meio de estudos pormenorizados, os
pretensos relatos bíblicos, do livro êxodo, por exemplo, vão sendo despojados
de sua base histórica. Até hoje nenhum documento ou monumento do Egito antigo
encontrado por arqueólogos ou filólogos atesta a presença de hebreus em suas
terras. Não foi encontrada em torno de Jericó a muralha mencionada no livro de
Josué, apesar de exaustivas escavações. A descrição topográfica de Jerusalém
feita nos textos bíblicos referentes aos reinados de Davi e Salomão não
encontra nenhuma verificação arqueológica. Não se consegue descobrir em torno
do monte Sinai nenhum resto (em cerâmica, por exemplo) da passagem de um
importante agrupamento de pessoas por aqueles desertos, apesar do impressionante
relato bíblico da permanência dos hebreus com Moisés ao pé do monte. Os
caminhos da arqueologia e da bíblia levam para horizontes diferentes.
Arqueologia é ciência e bíblia é literatura. Spinoza tira a conclusão que se
impõe: não é sensato falar em ‘verdade’ quando se fala em Deus, pois este só se
aproxima de nós em forma de imagens e comparações. O caminho para Deus passa
por imaginações e afetos. Nós, seres humanos, não temos capacidade de conhecer
a Deus, somos pequenos demais. Andando na superfície de um minúsculo planeta
que gira em torno de uma estrela de quinta categoria, nem conseguimos tomar
consciência da imensidão em que vivemos mergulhados ao longo de nossas breves
vidas. Apesar de sua curiosidade incansável, de sua viva inteligência e dos
enormes progressos intelectuais e materiais, o homem não avançou praticamente
nada, em termos da compreensão de Deus, desde os tempos em que foi redigida a
epopeia de Gilgamesh (2000 anos aC). Ele só consegue captar algo sobre Deus por
meio de uma imaginação precária e incerta. Infelizmente, a filosofia religiosa
de Spinoza ainda é pouco conhecida e insuficientemente valorizada entre nós.
FRASES DE
CHARLIE CHAPLIN
(CARLITOS)
"A fé desempenha em nossa vida um papel mais importante do que
supomos, e é o que nos permite fazer mais do que pretendemos. Creio que aí está
o elemento precursor de nossas ideias. Sem a fé não se teriam elaborado jamais
hipóteses e teorias, nem se teriam inventado as ciências ou as matemáticas.
Estou convencido de que a fé é um prolongamento do espírito: negar a fé é
condenar-se e condenar o espírito que engendra todas as forças criadoras de que
dispomos."
"Eu continuo a ser uma coisa só: um palhaço, o que me coloca em
nível mais alto do que o de qualquer político."
"A juventude constitui um extraordinário fator de otimismo, pois
ela sente por instinto que a adversidade é apenas transitória, e que a desgraça
permanente é tão pouco viável quanto o caminho estreito e reto da
virtude."
"Não faças do amanhã o sinônimo de nunca, nem o ontem te seja o
mesmo que nunca mais. Teus passos ficaram. Olha para trás... mas vai em frente,
pois há muitos que precisam que chegues para poderem seguir-te."
Assinar:
Postagens (Atom)