S.S. Papa Francisco |
Jorge
Leão
MFC-MA
O
|
cenário para a transição papal recente foi
recheado de mídia e espetáculos televisos. Contudo, sabemos que muitos
interesses estão por detrás da tão esperada fumaça branca.
Estamos
ainda muito distantes da igreja de Cristo e do carisma evangélico de Francisco
de Assis, que inspirou o nome do novo papa.
A
igreja instituição encontra-se em crise. Em torno de escândalos e disputas de
poder, a cúria romana vem travando verdadeiros cenários de fissura interna e
guerras políticas.
Surge-nos
então o problema: estaria a igreja romana de fato procurando novos rumos?
Diante
de uma espiritualidade ainda centrada em ritos, falas autoritárias, o discurso
já não atrai aos que alcançam paulatinamente consciência crítica.
Desfocado
dos temas centrais e polêmicos que merecem aprofundamento e desprendimento
ideológico, o campo de forças político da igreja parece estar mais preocupado
com a imagem social do que propriamente com a mensagem evangélica...
O
papa Bento XVI parece ter atraído dissensões profundas diante de temas
polêmicos. A sua postura mais rígida e pouco carismática parece ter
possibilitado novas articulações dentro da cúria. A sua renúncia falou mais
acerca dos dramas internos vividos pela instituição do que apenas problemas de
saúde em seu corpo físico.
Contudo,
espera-se do novo papa mais que ousadia para não usar o trono papal, recusar
longas cerimônias oficiais ou andar rodeado de luxo. Espera-se do papa
argentino coragem para encarar de frente os desafios do mundo globalizado pela
exclusão e desigualdades sociais, dentro e fora da igreja.
Espera-se,
por sua vez, da igreja um novo olhar para as maiorias excluídas, e mais
humanidade e bom senso no trato das questões ligadas a escândalos e polêmicas
do nosso tempo. Espera-se uma igreja que não tema o diálogo franco e honesto
com a população sofrida da periferia excluída do mundo.
Que
o papa Francisco seja de fato um servo dos mais pobres e excluídos do mundo,
como fora o santo de Assis. Que a tentação do poder instituído não ofusque o
carisma do serviço e da simplicidade, própria dos grandes apóstolos.
Neste
novo horizonte, diante de mais uma fumaça branca, esperamos que o mundo sinta
que novamente uma janela se abre, e que novas pontes nos são doravante
possíveis, para as religiões, a política, o planeta e a sustentabilidade de
nossos horizontes utópicos.
Sem
a grandeza dos servos de Deus, jamais alcançaremos a tão desejada liberdade dos
filhos de Deus. Essa é uma lição que a igreja, e todos nós, precisamos
recuperar o quanto antes. Que o nome Francisco não seja, portanto, somente mais
um título envolto a prestígios e devoção popular.
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