Quando casais se dispõem a
conversar sobre as dificuldades que encontram no casamento, vêm à tona as
questões da tão apreciada liberdade e da independência de cada um. Como
conciliar liberdade e independência com uma vida a dois, uma vida de casal?
Como permanecer um EU, um TU, livres e independentes, com projetos pessoais
fortalecidos, e ao mesmo tempo tornar-se um NÓS, criando e desenvolvendo
projetos comuns, projetos de casal?
CASAL: EU,
TU, NÓS
Deonira L.
Viganó La Rosa
Terapeuta de
Casal e Família. Mestre em Psicologia.
ste
é um dos maiores desafios do casamento, hoje muito mais do que em tempos
passados, já que antes quem casava se dispunha a renunciar a os projetos
pessoais, ainda que fossem julgados essenciais, principalmente por um dos
membros do casal, quase sempre a mulher.
Casais
hodiernos dizem sentir-se oprimidos entre o desejo de fusão com o outro e o
desejo de ser eles mesmos, de guardar um jardim secreto irredutível onde sua
liberdade possa realizar-se plenamente, sem que o outro apareça como uma sombra
toda vez que um dos dois deseja alçar um voo livre.
Na
verdade o desejo secreto parece ser este: quero viver as regalias de solteiro,
da independência total, da liberdade, quero crescer sem amarras, mas também
quero ser casado, quero as regalias do companheirismo, dos filhos. E são
especialmente atacados por este vírus os que casam com mais idade, acostumados
a não depender de ninguém. “Não depender” é relativo, pois não existe quem não
dependa de alguém e de alguma coisa, somos todos interdependentes, mas aqui
tratamos da condição específica do casamento.
NOSSA HISTÓRIA NOS CONDICIONA
A
origem destes conflitos muitas vezes se encontra em nossa história
pessoal. Cada um de nós carrega uma mala
nas costas onde se aninha tudo o que já vivemos anteriormente e agora passa a
influenciar nosso comportamento, sem que estejamos sempre conscientes disto. E
muitos de nossos comportamentos são apenas uma projeção daquilo que está na
mala. É como quando vamos ao cinema, nunca olhamos para trás onde está rodando
o filme, só olhamos a projeção do filme que está na tela, na nossa frente. Mas
ali não está o filme, apenas sua projeção. Frequentemente o que vemos nos
outros é só uma projeção de nós mesmos.
A
capacidade de encontrar a justa medida entre ser livre e independente e ao
mesmo tempo ser interdependente, ser vinculado seriamente com alguém, está
relacionada com a forma como estabelecemos os vínculos com nossa mãe, desde o
ventre materno, até o jeito e a intensidade com a qual fomos formando, ou não,
vínculos (laços), com a mãe, o pai, irmãos, e todas as pessoas com quem fomos
convivendo.
HÁ PESSOAS QUE NÃO CONSEGUEM VINCULAR-SE NO
CASAMENTO
São
como hóspedes dentro de casa, cumprem tarefas - até responsavelmente -, mas não
criam laços, não se vinculam. Toda vez que precisam apoiar, ceder, negociar,
deixar de lado caprichos, fazem disto um fogaréu, pois não sabem unir-se ao
outro com afeto, sem anular-se, não sabem fazer feliz a vida comum, sem
prejudicar seus projetos essenciais. Claro que a renúncia necessária nunca será
aquela que fere profundamente a individualidade de cada um, respeitar este
princípio é fundamental. Resta identificar o que é essencial e o que é mero
capricho...
Não
faz tempo, o Globo Repórter mostrou um casal, já de idade, que não vivia em
comum, embora na mesma casa, os dois eram apenas hóspedes, cada um vivendo sua
vida, e nem sequer conversavam um com o outro. Sabe-se que a psicologia estuda
a chamada síndrome da hospedagem, uma disfunção de pessoas que não conseguem
criar e manter vínculos (laços afetivos profundos).
Ser
casal é aceitar a interdependência, os próprios limites, as responsabilidades
de cada um e viver pela felicidade de ambos. E isto nunca acontecerá sem que
cada um dos dois tenha suas fontes saudáveis de prazer, seus projetos próprios,
independentes do outro cônjuge. Sem um EU e um TU fortes e saudáveis não haverá
NÓS que sobreviva feliz.
UM OLHAR
CRÍTICO SOBRE O MUNDO NÃO DEVE SUFOCAR NOSSA ESPERANÇA
Helio Amorim
“Descomplicando a Fé” (Ed.Paulinas)
evemos
denunciar com indignação que a maioria das famílias vive, no mundo, em
condições desumanas. E isto não obstante os dois milênios de pregação
humanizadora da Igreja e ações corajosas empreendidas por tantos homens e
mulheres, na luta pela justiça e solidariedade nas relações entre as pessoas,
grupos, raças, povos e nações.
O
modelo econômico de corte predominantemente neoliberal que se quer impor a
todas as nações, num cenário de globalização da economia mundial, aponta para
um agravamento das injustiças sociais e a consolidação do fosso profundo entre
nações ricas (hoje menos ricas) e pobres.
Também
nas classes privilegiadas, mesmo dos países ricos, a falta de perspectivas e
ideais de vida, produzem fuga de jovens para as drogas e a violência. O
consumismo só aumenta frustrações e destruição da natureza.
Esse
quadro pessimista que os modernos meios de comunicação mostram cada dia, ao
vivo, a todos os habitantes deste planeta, configura uma afronta à dignidade da
pessoa humana e das famílias. Está em grave contradição com o projeto de Deus.
Também
na vida da Igreja, ainda numa ótica pessimista, muitas contradições persistem,
conspirando contra a humanização, gerando exclusões e discriminações, questões
morais e sentimentos de culpa sem consistência, que fazem sofrer
desnecessariamente muitos cristãos sinceramente comprometidos com a sua fé.
Legalismo e autoritarismo pouco evangélicos sufocam a criatividade e alimentam
divisões internas, mágoas e ressentimentos.
Entretanto,
uma observação mais atenta sobre fatos importantes e menos destacados pelos
meios de comunicação social, e inúmeros acontecimentos e ações concretas que
ocorrem em todo o mundo e na Igreja, traduzindo importantes conquistas para a
humanização, alimenta uma perspectiva bem mais otimista para o futuro da
humanidade. O cristão sabe que Deus não abandonará Seu povo, interferindo na
história humana, sempre através de homens e mulheres corajosos e comprometidos
com o Seu projeto humanizador.
PENSAMENTOS
Antoine de
Saint-Exupéry
Só se vê bem com o
coração, o essencial é invisível aos olhos.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
O verdadeiro amor
nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem.
A terra ensina-nos mais acerca de nós próprios do que todos os livros.
Porque ela nos resiste.
Cada um é responsável
por todos. Cada um é o único responsável. Cada um é o único responsável por
todos.
Se a vida não tem preço, nós comportamo-nos sempre como se alguma coisa
ultrapassasse, em valor, a vida humana... Mas o quê?
O verdadeiro homem
mede a sua força, quando se defronta com o obstáculo.
O INFA É UMA ENTIDADE FILANTRÓPICA, SEM FINS LUCRATIVOS,
UTILIDADE PÚBLICA FEDERAL, ESTADUAL, MUNICIPAL, REGISTRADA NOS CONSELHOS
NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CNAS) E MUNICIPAL RIO DE JANEIRO (CMAS), E
CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (CMDCA).