“SERMOS
SANTOS COMO NOSSO DEUS!”
Jesus é o verdadeiro
Moisés que, das “multidões”, de toda a humanidade, faz seu povo. Para pertencer
a esse povo de santos seguindo o Santo, tudo vale: “Bem-aventurados sois vós,
quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal
contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai porque será grande a vossa
recompensa nos céus!”
Solenidade de
todos os santos
1ª Leitura: Ap
7,2-4.9-14
Salmo Responsório:
23
2ª Leitura: 1Jo
3,1-3
Evangelho: Mt
5,1-12a
EVANGELHO
MATEUS
5,1-12a
Naquele tempo, 1vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos
aproximaram-se, 2e Jesus
começou a ensiná-los:
3“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque
deles é o Reino dos Céus.
4Bem-aventurados os aflitos, porque serão
consolados.
5Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a
terra.
6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
7Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia.
8Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a
Deus.
9Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão
chamados filhos de Deus.
10Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da
justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
11Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e
perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de
mim. 12aAlegrai-vos
e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.
— Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
HOMILIA
Dom Henrique
Soares da Costa
Bispo
Auxiliar de Aracaju - Sergipe
- SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS -
Ap 7,2-4.9-14 / Sl 23 / 1Jo 3,1-3 / Mt 5,1-22
Hoje, a Igreja volta seu olhar e seu coração para o céu e enche-se de
alegria ao contemplar uma multidão que participa da glória e da plenitude do
Deus Santo.
A nossa fé nos ensina que somente Deus é Santo. Na Bíblia, “santo”
significa, literalmente, “separado”. Deus é aquele que é separado,
absolutamente diferente de tudo quanto exista no céu e na terra: Ele é único,
Ele é absoluto, Ele sozinho se basta, sozinho é pleno, sozinho é infinitamente
feliz. Ele é Deus! Por isso, Santo, em sentido absoluto, é somente o Deus uno e
trino, Pai, Filho e Espírito Santo. A Jesus, o Filho eterno feito homem, nós
proclamamos em cada missa: “Só vós sois o Santo”; ao Pai nós dizemos: “Na
verdade, ó Pai, vós sois Santo e fonte de toda santidade”; ao Espírito nós
chamamos de Santo.
Mas, a nossa fé também nos ensina que este Deus santo e pleno, dobra-se
carinhosamente sobre a humanidade – sobre cada um de nós – para nos dar a sua
própria vida, para nos fazer participantes de sua própria plenitude, sua
própria santidade. Foi assim que o Pai, cheio de imenso amor, enviou-nos seu
Filho único até nós, e este, morto e ressuscitado, infundiu no mais íntimo de
nós e de toda a Igreja o seu Espírito de santidade. Eis, quanta misericórdia:
Deus, o único Santo, nos santifica pelo Filho no Espírito: “Vede que grande
presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!”
É isto a santidade para nós: participar da vida do próprio Deus, sermos
separados, consagrados por ele e para ele desde o nosso Batismo, para vivermos
sua própria vida, vida de filhos no Filho Jesus! É assim que todo cristão é um santificado,
um separado para Deus. Mas, esta santidade que já possuímos deve, contudo,
aparecer no nosso modo de viver, nas nossas ações e atitudes. E o modelo de
toda santidade é Jesus, o Bem-aventurado. Ele, o Filho, foi totalmente aberto
para o Pai no Espírito Santo e, por isso, foi totalmente pobre, totalmente
manso, totalmente puro e abandonado a Deus no pranto, na fome de justiça e na
misericórdia. Então, ser santo, é ser como Jesus, deixando-se guiar e
transformar pelo seu Espírito em direção ao Pai. Esta santidade é um processo
que dura a vida toda e somente será pleno na glória. São João nos fala disso na
segunda leitura de hoje: “Quando Cristo se manifestar, seremos semelhantes a
ele, porque o veremos tal como ele é”.
Nesta perspectiva, podemos contemplar a estupenda leitura do Apocalipse
que escutamos como primeira leitura. O que se vê aí? Uma multidão. Primeiro,
cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos de Israel. Isto simboliza todo
o Israel. Recordemos: 12 é o número do Povo do Antigo Testamento. Pois bem,
cento e quarenta e quatro mil equivale a 12 x 12 x 1000, isto é, à totalidade
de Israel. Deus não se cansou de chamar o povo da antiga aliança: Israel haverá
de ser salvo pelo sangue de Cristo. Mas, há ainda mais: “Depois disso, vi uma multidão
imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém
podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro”. Essa multidão são
todos os povos da terra, chamados por Cristo, na Igreja, para a salvação, para
a santificação que Deus nos oferece. Notemos bem: “uma multidão que ninguém
podia contar”. A salvação é para todos, a santidade não é para um grupinho de
eleitos, para uma elite espiritual. Todos são chamados a essa vida divina que
Deus quer partilhar conosco, todos são chamados à santidade! “Trajavam vestes
brancas e traziam palmas nas mãos. São os que vieram da grande tribulação e
lavaram e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro”. Eis quem são os santos:
aqueles que atravessaram as lutas desta vida, as tribulações desta nossa pobre
existência, unidos a Cristo; são os que venceram em Cristo – por isso trazem a
palma da vitória; são os que não tiveram medo de viver e, se caíram, se
erraram, foram, humildemente, lavando e alvejando suas vestes no sangue
precioso de Cristo: são santos não com sua própria santidade, mas com a
santidade do Cristo-Deus. Nunca esqueçamos: ninguém é santo com suas forças,
ninguém é santo por sua própria santidade: só em Cristo somos santificados,
pois somente Cristo derrama sobre nós o Espírito de santidade. O nosso único
trabalho é lutar para acolher esse Espírito, deixando-nos guiar por ele e por
ele sermos transfigurados em Cristo!
Olhemos para o céu: lá estão Pedro e Paulo, lá estão os Doze, lá estão
os mártires de Cristo, os santos pastores e doutores, lá estão as santas
virgens e os santos homens, lá estão tantos e tantos – uns, conhecidos e
reconhecidos pela Igreja publicamente, outros, cujo nome somente Deus conhece;
lá está a Santíssima e Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe e discípula
perfeita do Cristo, toda plena do Espírito, toda obediente ao Pai. Eles
chegaram lá, eles intercedem por nós, eles são nossos modelos, eles nos
esperam.
Num mundo que vive estressado, que corre sem saber para onde… num mundo
que já não crê nos verdadeiros valores, porque já não crê em Deus, contemplar
hoje todos os santos é recordar para onde vamos e qual é o sentido da nossa
vida! Não tenhamos medo de ser de Deus, não tenhamos medo de testemunhar o
Evangelho, não tenhamos medo de alimentar nossa visa com o Cristo, na sua
Palavra e na sua Eucaristia para sermos inebriados da vida do próprio Deus.
Infelizmente, muitos hoje têm como heróis os atletas, os atores, os
cantores e tantos outros que não têm muito e até nada para ensinar. Quanto a
nós, que nossos heróis e modelos sejam os santos e santas de Cristo, que foram
heróis porque se venceram e correram para o Cristo! Que eles roguem por nós,
pois o que eles foram, nós somos e o que eles são, todos nós somos chamados a
ser.
Todos os Santos e Santas
de Deus, rogai por nós!
ORAÇÃO
Deus eterno e todo-poderoso, que nos dais celebrar numa só festa os
méritos de todos os Santos, concedei-nos por intercessores tão numerosos a
plenitude da vossa misericórdia. Amém!
LEMBRE-SE:
“SE NÃO PARTICIPARMOS DA
MISSA, DE NADA VALE NOSSO ESFORÇO SEMANAL.”
Editado
por MFC ALAGOAS
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