Na luta pela justiça, vivendo a
partilha do que possui, do que é, do que sabe, para que cresça a comunhão entre
todos os homens, o cristão busca coragem e discernimento no encontro pessoal
com o Senhor que se faz presente no pão e no vinho partilhados e servidos na
mesa comum. A eucaristia é o sacramento da partilha e da comunhão. O pão e o
vinho foram escolhidos por Jesus justamente por representarem, simbolicamente,
os frutos da terra e da natureza, e os produtos do trabalho dos homens, que
devem ser repartidos entre todos e não consumidos por uma minoria privilegiada.
OS
SACRAMENTOS DIVINOS (II)
*HELIO
AMORIM – MFC/RJ
humanização supõe necessariamente essa
partilha, para que todos tenham vida, e vida em abundância.Para que se
estabeleça uma verdadeira comunhão entre todos os homens e mulheres, em todo o
mundo. Na celebração deste sacramento central da vida do Povo de Deus, Cristo
não se faz presente “no pão e no vinho”,mas “no pão e vinho partilhados”, ou
seja, “no ato de partilhar”. Da mesa dessa partilha do pão e do vinho,
participam os cristãos comprometidos, na sua vida cotidiana, em tornar real a
partilha dos benefícios oferecidos pela natureza e gerados pelo trabalho
humano.
A
essência do ser cristão está resumido nesse compromisso, celebrado no
sacramento que alimenta tão exigente disposição. Portanto, não tem sentido
participar da eucaristia sem a vivência ou a disposição efetiva de viver o que
nela é celebrado. Uma questão de coerência. O rito da comunhão é de
extraordinária riqueza, um sinal sensível, visível e eloquente daquilo que
significa. A Graça de Deus que lhe dá eficácia se concretiza em renovada
coragem para o cristão partilhar seus bens, seus talentos, seu saber, seu
tempo, sua vida e seu próprio ser, com aqueles que vivem em situações
desumanas. Também para alimentar o seu elán e entusiasmo nas lutas em favor de
mais justiça e solidariedade nas relações sociais e nas estruturas da
sociedade. É umsacramento comunitário, celebração de comunhão entre todos os
homens e mulheres. Não se trata, portanto, do que aprendemos no passado, por
uma falha na catequese, como um alimento espiritual sem referência aos
compromissos da partilha.
Muitos
são os carismas e ministérios de serviço aos cristãos e ao mundo. Todos são
necessários para que seja fecunda a presença da Igreja no mundo. Alguns dos
cristãos que formam o Povo de Deus, com especial vocação de serviço e dedicação
integral à missão da Igreja, recebem um mandato especial para exercer
ministérios e funções de serviço mais exigentes. Essa opção especial de serviço
é celebrada solenemente: é o sacramento do servidor do Povo de Deus. A Graça
opera para dar a esses cristãos a necessária coragem e discernimento para o
exercício fecundo e corajoso dessa missão tantas vezes heroica.
Na
luta pela vida, na doença ou frente ao risco da morte, recorda-se o Deus da
vida, que envia Seu filho para oferecer a todos vida abundante. A unção com os
óleos usados no passado para dar força aos guerreiros e gladiadores,
preparando-os para a luta contra a morte, é o sinal sensível desse sacramento
dos enfermos. É canal para a Graça transbordar sobre aqueles que deverão
enfrentar as vicissitudes da enfermidade e a aceitação da morte, como prenúncio
e esperança de vida plena, confiante na ressurreição.
* “Descomplicando a Fé” – Editora Paulus
LITURGIA
DOMÉSTICA:
Celebração
Comunitária conduzida
por Laicos
Cristãos
A MESA DA
PARTILHA
© Estamos aqui
reunidos, em torno da nossa mesa, para celebrar a memória de Jesus de Nazaré.
Memória do seu ser, sua vida, sua prática. Vamos fazer o que Ele nos mandou
fazer. Pouco antes de sofrer e morrer ele nos convidou a partilhar o pão e o
vinho, em sua memória. Assim o fizeram, em suas casas, os primeiros cristãos.
L1
- Jesus gostava de comer e beber com seus amigos, a ponto de ser chamado de
comilão e beberrão. Mas convidava para a sua mesa todos os que eram desprezados
pela sociedade do seu tempo. Por isso era também criticado. Um absurdo comer
com publicanos e pecadores, com os pobres e pessoas de má fama.
L2
- Assim, a mesa em que se partilha o pão e o vinho entre todos se tornou o
símbolo central do movimento que ele liderou e ao qual aderimos dois milênios
depois. A partilha, para os cristãos, é um símbolo mais central do que a cruz,
que foi um acidente cruel.
L3
- O anúncio do Reino, centro da pregação de Jesus, é o anúncio de uma ordem
social igualitária, justa e fraterna, na qual o pão é partilhado entre todos
para que ninguém seja atormentado pela fome.
L4
- Jesus, depois da ressurreição, só foi reconhecido pelos próprios discípulos
no caminho de Emaús ou no episódio da pesca, ao preparar a refeição e partilhar
com eles pães e peixes. A mesa da partilha tornou-se o símbolo perfeito do
anúncio do Reino.
L5
- O pão e o vinho representam os bens da natureza e os frutos do trabalho dos
homens que devem ser repartidos entre todos. Jesus desafia todos os seus
seguidores à partilha de seus bens, seu saber, seu tempo e tudo mais que se tem
em abundância e falta aos outros. A colocar seus bens, dons e talentos a serviço
do outro, como Ele o fez em sua vida.
L6
- Jesus ainda explicou na parábola do Juízo: só o que partilhamos com o outro,
para a sua humanização, conta como mérito no julgamento. Porque, em cada outro,
Ele está. O outro é Ele. "O que fizeste pelo outro, a mim o
fizestes".
L7
- Jesus é aquele que tem fome, com quem partilhamos o nosso pão abundante;
aquele que não sabe, com quem partilhamos o que sabemos. Há muitas maneiras de
partilhar.
L8
- Jesus é aquele que jaz na cama do hospital ou na cela da prisão com quem
partilhamos o nosso tempo e afeto; aqueles que esperam passar de condições
menos humanas para condições mais humanas porque com ele partilharemos o que
somos, temos e sabemos.
L9
- Mas no momento derradeiro, ao fazer da partilha do pão e do vinho o modo de
celebrar a sua memória, Jesus foi mais longe. Deixou-nos o desafio da partilha
mais radical, partilha do próprio ser, até o limite do sacrifício. Para que
assim se produzam sinais do Reino. Para que aconteça a partilha dos dons da
natureza e os frutos do trabalho dos homens.
©
Um momento de troca: “o que partilhamos, o que podemos partilhar mais
generosamente?)
©
Assim, ao partilhar o pão e o vinho, Ele disse aos que participaram da ceia
derradeira:
Isto é o meu corpo.
Isto é o meu sangue.
Façam isto em minha
memória.
©
Agora, como expressão do nosso compromisso com o Reino anunciado, vamos repetir
esse gesto de Jesus, partilhando este pão e este vinho entre todos, em sua
memória.
(Reparte-se o pão e o vinho entre
todos)
(Paraliturgias
do MFC)
LITANIA DA
PAZ
Dirig:
Chega de escuridão
Todos:
Queremos a luz da vida
Dirigente: Chega do silêncio do medo
Todos: Queremos o
barulho dos gestos de amor
Dirigente: Chega de balas que se perdem
Todos: Queremos vidas
que se encontram
Dirigente: Chega da doença da solidão
Todos: Queremos a
bênção da comunhão
Dirigente: Chega de razões que justificam a guerra
Todos: Queremos as
desrazões do amor
Dirigente: Chega o apenas falar de paz
Todos: Queremos
colhê-la, / lá onde verdadeiramente brota, / no pomar dos nossos atos de
justiça.
Dirigente: Chega de esperar por sinais da paz
Todos: Queremos
ajudar a construí-los.
Dirigente: Oremos
Todos: Senhor, /
ajuda-nos a transformar / as armas do mundo / em novos empregos; / as bombas
dos poderosos / em pesquisas para curar; / as intenções destruidoras, / em
forças construtoras / de um novo tempo, / uma nova sociedade, / um novo ser. /
Senhor, / ajuda-nos a forjar Contigo / o milagre da Paz. Amém!
(Pr.
Edson Fernando)