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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CORREIO MFC BRASIL Nº 305



Na luta pela justiça, vivendo a partilha do que possui, do que é, do que sabe, para que cresça a comunhão entre todos os homens, o cristão busca coragem e discernimento no encontro pessoal com o Senhor que se faz presente no pão e no vinho partilhados e servidos na mesa comum. A eucaristia é o sacramento da partilha e da comunhão. O pão e o vinho foram escolhidos por Jesus justamente por representarem, simbolicamente, os frutos da terra e da natureza, e os produtos do trabalho dos homens, que devem ser repartidos entre todos e não consumidos por uma minoria privilegiada.

OS SACRAMENTOS DIVINOS (II)
*HELIO AMORIM – MFC/RJ
   
A
 humanização supõe necessariamente essa partilha, para que todos tenham vida, e vida em abundância.Para que se estabeleça uma verdadeira comunhão entre todos os homens e mulheres, em todo o mundo. Na celebração deste sacramento central da vida do Povo de Deus, Cristo não se faz presente “no pão e no vinho”,mas “no pão e vinho partilhados”, ou seja, “no ato de partilhar”. Da mesa dessa partilha do pão e do vinho, participam os cristãos comprometidos, na sua vida cotidiana, em tornar real a partilha dos benefícios oferecidos pela natureza e gerados pelo trabalho humano.

A essência do ser cristão está resumido nesse compromisso, celebrado no sacramento que alimenta tão exigente disposição. Portanto, não tem sentido participar da eucaristia sem a vivência ou a disposição efetiva de viver o que nela é celebrado. Uma questão de coerência. O rito da comunhão é de extraordinária riqueza, um sinal sensível, visível e eloquente daquilo que significa. A Graça de Deus que lhe dá eficácia se concretiza em renovada coragem para o cristão partilhar seus bens, seus talentos, seu saber, seu tempo, sua vida e seu próprio ser, com aqueles que vivem em situações desumanas. Também para alimentar o seu elán e entusiasmo nas lutas em favor de mais justiça e solidariedade nas relações sociais e nas estruturas da sociedade. É umsacramento comunitário, celebração de comunhão entre todos os homens e mulheres. Não se trata, portanto, do que aprendemos no passado, por uma falha na catequese, como um alimento espiritual sem referência aos compromissos da partilha.

Muitos são os carismas e ministérios de serviço aos cristãos e ao mundo. Todos são necessários para que seja fecunda a presença da Igreja no mundo. Alguns dos cristãos que formam o Povo de Deus, com especial vocação de serviço e dedicação integral à missão da Igreja, recebem um mandato especial para exercer ministérios e funções de serviço mais exigentes. Essa opção especial de serviço é celebrada solenemente: é o sacramento do servidor do Povo de Deus. A Graça opera para dar a esses cristãos a necessária coragem e discernimento para o exercício fecundo e corajoso dessa missão tantas vezes heroica.

Na luta pela vida, na doença ou frente ao risco da morte, recorda-se o Deus da vida, que envia Seu filho para oferecer a todos vida abundante. A unção com os óleos usados no passado para dar força aos guerreiros e gladiadores, preparando-os para a luta contra a morte, é o sinal sensível desse sacramento dos enfermos. É canal para a Graça transbordar sobre aqueles que deverão enfrentar as vicissitudes da enfermidade e a aceitação da morte, como prenúncio e esperança de vida plena, confiante na ressurreição.

* “Descomplicando a Fé” – Editora Paulus

LITURGIA DOMÉSTICA:
Celebração Comunitária conduzida
por Laicos Cristãos

A MESA DA PARTILHA

© Estamos aqui reunidos, em torno da nossa mesa, para celebrar a memória de Jesus de Nazaré. Memória do seu ser, sua vida, sua prática. Vamos fazer o que Ele nos mandou fazer. Pouco antes de sofrer e morrer ele nos convidou a partilhar o pão e o vinho, em sua memória. Assim o fizeram, em suas casas, os primeiros cristãos.

L1 - Jesus gostava de comer e beber com seus amigos, a ponto de ser chamado de comilão e beberrão. Mas convidava para a sua mesa todos os que eram desprezados pela sociedade do seu tempo. Por isso era também criticado. Um absurdo comer com publicanos e pecadores, com os pobres e pessoas de má fama.

L2 - Assim, a mesa em que se partilha o pão e o vinho entre todos se tornou o símbolo central do movimento que ele liderou e ao qual aderimos dois milênios depois. A partilha, para os cristãos, é um símbolo mais central do que a cruz, que foi um acidente cruel.

L3 - O anúncio do Reino, centro da pregação de Jesus, é o anúncio de uma ordem social igualitária, justa e fraterna, na qual o pão é partilhado entre todos para que ninguém seja atormentado pela fome.

L4 - Jesus, depois da ressurreição, só foi reconhecido pelos próprios discípulos no caminho de Emaús ou no episódio da pesca, ao preparar a refeição e partilhar com eles pães e peixes. A mesa da partilha tornou-se o símbolo perfeito do anúncio do Reino.

L5 - O pão e o vinho representam os bens da natureza e os frutos do trabalho dos homens que devem ser repartidos entre todos. Jesus desafia todos os seus seguidores à partilha de seus bens, seu saber, seu tempo e tudo mais que se tem em abundância e falta aos outros. A colocar seus bens, dons e talentos a serviço do outro, como Ele o fez em sua vida.

L6 - Jesus ainda explicou na parábola do Juízo: só o que partilhamos com o outro, para a sua humanização, conta como mérito no julgamento. Porque, em cada outro, Ele está. O outro é Ele. "O que fizeste pelo outro, a mim o fizestes".

L7 - Jesus é aquele que tem fome, com quem partilhamos o nosso pão abundante; aquele que não sabe, com quem partilhamos o que sabemos. Há muitas maneiras de partilhar.

L8 - Jesus é aquele que jaz na cama do hospital ou na cela da prisão com quem partilhamos o nosso tempo e afeto; aqueles que esperam passar de condições menos humanas para condições mais humanas porque com ele partilharemos o que somos, temos e sabemos.

L9 - Mas no momento derradeiro, ao fazer da partilha do pão e do vinho o modo de celebrar a sua memória, Jesus foi mais longe. Deixou-nos o desafio da partilha mais radical, partilha do próprio ser, até o limite do sacrifício. Para que assim se produzam sinais do Reino. Para que aconteça a partilha dos dons da natureza e os frutos do trabalho dos homens.

© Um momento de troca: “o que partilhamos, o que podemos partilhar mais generosamente?)

© Assim, ao partilhar o pão e o vinho, Ele disse aos que participaram da ceia derradeira:

Isto é o meu corpo. Isto é o meu sangue.
Façam isto em minha memória.

© Agora, como expressão do nosso compromisso com o Reino anunciado, vamos repetir esse gesto de Jesus, partilhando este pão e este vinho entre todos, em sua memória.

(Reparte-se o pão e o vinho entre todos)
(Paraliturgias do MFC)

LITANIA DA PAZ

Dirig: Chega de escuridão
Todos: Queremos a luz da vida
Dirigente: Chega do silêncio do medo
Todos: Queremos o barulho dos gestos de amor
Dirigente: Chega de balas que se perdem
Todos: Queremos vidas que  se encontram
Dirigente: Chega da doença da solidão
Todos: Queremos a bênção da comunhão
Dirigente: Chega de razões que justificam a guerra
Todos: Queremos as desrazões do amor
Dirigente: Chega o apenas falar de paz
Todos: Queremos colhê-la, / lá onde verdadeiramente brota, / no pomar dos nossos atos de justiça.
Dirigente: Chega de esperar por sinais da paz
Todos: Queremos ajudar a construí-los.
Dirigente: Oremos
Todos: Senhor, / ajuda-nos a transformar / as armas do mundo / em novos empregos; / as bombas dos poderosos / em pesquisas para curar; / as intenções destruidoras, / em forças construtoras / de um novo tempo, / uma nova sociedade, / um novo ser. / Senhor, / ajuda-nos a forjar Contigo / o milagre da Paz. Amém!
(Pr. Edson Fernando)

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