A pessoa humana se exprime e se
comunica através de sinais, símbolos e ritos. O sinal mais habitualmente usado
é a palavra, falada ou escrita. Mas nem sempre as palavras bastam para traduzir
pensamentos, ideias, sentimentos e emoções. Gestos simbólicos podem significar
muito mais que longos discursos.
OS SACRAMENTOS HUMANOS
*HELIO AMORIM – MFC/RJ
Um aperto de mão é mais que um
simples movimento de músculos e nervos mas sinal ou símbolo de respeito,
cordialidade, compromisso mútuo. O abraço ou o beijo, a carícia ou o encontro
sexual, tampouco são puras manifestações físicas ou biológicas, mas expressões
de sentimentos, afeto e amor. O aplauso ou a vaia são mais que sons e ruídos
produzidos por mãos e vozes humanas. São gestos simbólicos que exprimem
sentimentos de satisfação ou repúdio.
Também objetos, coisas simples,
podem ganhar um forte significado simbólico e tornar-se sinais de sentimentos
profundos. Muitos desses simbolismos podem mesmo socializar-se e aderir a
gestos e objetos, dando-lhes significados que ultrapassam a sua natureza e
materialidade.
A
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o
longo do tempo, vão sendo assim entendidos por todos e de certa forma se
institucionalizam. Esses simbolismos, então, se incorporam à cultura de uma
comunidade ou um povo.
Assim
nos vemos cercados por esses sinais e ricos simbolismos, às vezes pessoais,
outros culturais. A flor ressecada que alguém guarda há muitos anos entre as
folhas de um livro, é muito mais que uma flor, simples órgão reprodutor de uma
planta. É um sinal ou símbolo que, algum dia, alguém usou para exprimir o seu
amor. Encontrar esse objeto simbólico ao folhear o livro, rememora o gesto e
reacende sentimentos, provoca um calor interior que realimenta antigos
sentimentos. A oferta de flores como sinal de afeto é mesmo um daqueles muitos
simbolismos já incorporados à cultura de tantos povos.
Uma
vela grossa e já deformada que vem sendo usada em todas as celebrações mais
marcantes da família (aniversários e batizados, nascimentos e mortes), é
preservada com cuidado e carinho, torna-se uma relíquia familiar, porque
rememora cada um desses episódios, festivos ou sofridos, que nenhuma outra vela
seria capaz de recordar.
Uma
camisa rasgada e manchada de sangue, guardada zelosamente e exposta pelos
companheiros do lavrador assassinado na luta por um pedaço de chão, deixa de
ser uma simples camisa para se tornar símbolo dessa luta por justiça social.
Cada vez que é vista (sinal sensível), recorda o sentido daquele triste
episódio e realimenta nos companheiros (sinal eficaz) as razões, o ardor e a
coragem para continuar a luta.
Se
continuarmos a olhar o que nos cerca, vamos encontrar em gavetas e armários,
muitos outros objetos carregados de significados que ultrapassam a sua
natureza. A velha mesa herdada dos avós que se foram, na qual comemos os
mingaus da nossa infância. O relógio que um pai falecido usou durante toda uma
vida, e que nos faz recordar, com carinho, o seu gesto lento de tirá-lo do
bolso para consultar as horas e nos mandar para a cama dormir.
A
lista, para muitos, será interminável. Esses objetos, provavelmente não terão
valor mercantil e teriam sido descartados se não tivessem adquirido um
significado simbólico que os tornam inegociáveis.
Porque
aqueles gestos e estes objetos já não são apenas gestos e objetos. São sinais
sensíveis e eficazes, ou sacramentos humanos. Ganharam uma força que em si
mesmos não possuíam, o poder de rememorar, alimentar e reavivar os sentimentos
e emoções que exprimem e significam.
Ao
repetirmos aqueles gestos, ao ver e tocar estes objetos simples, ressurgem, com
renovado ardor, a saudade, a solidariedade, o afeto, o carinho, a indignação
frente à injustiça, e tantos outros sentimentos e emoções. Então somos
impelidos a vivê-los mais intensamente, traduzindo-os em práticas concretas.
Assim
entendido, podemos compreender melhor os sacramentos divinos.
*Descomplicando a fé” – Editora Paulus (Continua)
CRACK
O
|
s
governos federal e locais e a sociedade estão perdendo a batalha do crack. Os
efeitos dessa peste que se alastra são desastrosos. A droga é barata, de fácil
obtenção por traficantes e venda indiscriminada para adultos e crianças que se
drogam em cracolândias em pontos visíveis das cidades.
O
quadro é assustador para a população que contempla esses infernos sem poder
intervir. O retorno dos viciados à vida normal é quase impossível e a morte
prematura é uma certeza cruel.
Autoridades
de governos e polícias locais não sabem ainda o que fazer. Predominando
menores, meninos e meninas, não é admitida a detenção dos usuários. O
transporte e o tráfico da droga são facilitados pela natureza das pedras desse
veneno. A disseminação do uso e a dependência imediata gerada nas primeiras
experiências torna o problema ainda mais desafiador.
Surgem
agora anúncios de repressão policial com detenção de usuários, como tentativa
desesperada de salvação das vítimas. Logo se levantam vozes de protesto contra
a prisão dos infelizes drogados, sem consideração de idade. Organizações se
equivocam em considerar essa repressão salvadora como atentado à liberdade
intocável dos usuários condenados a morrer antes do tempo.
Preferimos
qualificar essas medidas como tentativa desesperada de libertação dessa
escravidão fatal de tantas vítimas. Pelo menos vale como experiência para
avaliação posterior de sua eficácia.
DESLIGUE A TV
N
|
este
momento, mais uma vez, sua excelência a opinião pública está mobilizada para
decidir a cada semana quem vai para o paredão do Big Brother Brasil – a
monstruosidade mais idiota, deseducativa e lucrativa jamais produzida pela TV.
Produto importado, explorado em muitos outros países que também contam com
espectadores ingênuos com vocação incubada de voyeurs.
São
pessoas hipnotizadas pela propaganda, olhando pelo buraco da fechadura televisiva
os comportamentos artificiais e ensaiados de alguns personagens inexpressivos,
disputando ganhar o seu primeiro milhão.
Conselho
para preservar a sua inteligência: desligue, mude de canal. A TV tem programas
bons. Procure e escolha.
FRASES DE VLADIMIR MAIAKÓVSKI
Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor.
A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo.
Você não pode deixar ninguém invadir o seu jardim para não correr o risco de ter a casa arrombada.
Poderiam ordenar-me: "Mata-te na guerra". Teu nome será o
último coágulo de sangue em meus lábios rasgados pelas balas.
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