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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A DESAGREGAÇÃO DAS ESTRUTURAS FAMILIARES

  

A DESAGREGAÇÃO DAS
ESTRUTURAS FAMILIARES

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uito se tem falado e escrito, nesses últimos tempos, sobre o fenômeno da explosão da violência criminal. Todo mundo quer dar a sua opinião a respeito do que estaria provocando o crescimento da violência. Explicações simplistas, como as que têm reduzido o fenômeno da violência à ineficiência policial e à pobreza social, ficam sem respaldo frente aos relatórios que confirmam o atual aumento da violência criminosa em quatro países altamente desenvolvidos. O que, então, estaria promovendo o aumento da violência criminal, tanto em países ricos como pobres?

VOLTANDO O OLHAR PARA A FAMÍLIA

Embora tenha estado fora de moda, constata-se que sérios analistas sociais tendem a retroceder e voltar sua ótica para a Família. Uma das hipóteses que outra vez toma vulto é a de que o fenômeno da criminalidade estaria fortemente vinculado à cultura pós-moderna ou pós-industrial. E, todos sabemos, a atual fase da história tem a desestruturação familiar como um marco saliente, ocasionando uma ineficiente socialização da criança, além de outros problemas. Já em 1995, o Conselho das Famílias dos Estados Unidos publicou relatório afirmando que a sociedade americana estaria melhor se mais gente casasse e permanecesse casada, além de dizer, literalmente, que a "cultura do casamento" ajuda a combater a pobreza e a delinqüência juvenil e que a instituição familiar pode até estar em crise, mas nenhuma outra instituição proporcionou uma melhor forma de criar os filhos, no curso da história humana.
        
Afinal, o que vem a ser "estrutura familiar?” Que quer dizer o analista social, quando se refere à desestruturação familiar como uma das causas da violência criminal?

ESTRUTURA FAMILIAR

A estrutura familiar é o conjunto invisível de exigências para o bom funcionamento de uma família e, ao mesmo tempo, é ela que organiza a maneira como os membros de uma família interagem. Uma família estabelece, explícita ou implicitamente, os padrões de como, quando e com quem vai se relacionar. Por exemplo, quando uma mãe diz a seu filho para tomar o seu suco e ele obedece, esta interação entre mãe e filho define quem ela é em relação a ele e quem ele é em relação a ela, naquele contexto e naquele momento. Quando operações semelhantes se repetem, tornando-se um hábito, elas formam um padrão de interação. O conjunto desses padrões de interação constitui a estrutura familiar que, por sua vez, governa o funcionamento dos membros da família. Se, em uma família, historicamente as mulheres lavam a roupa, fica estabelecido, mesmo que implicitamente, que essa é uma tarefa feminina. De tanto repetir esse comportamento, ele vai tornar-se um padrão e vai entrar na lista dos padrões que comporão a estrutura daquela família.

CONCRETAMENTE, O QUE ESTÁ SE DESESTRUTURANDO NA FAMÍLIA?

Quando falamos em desestruturação familiar, estamos querendo dizer que um ou mais padrões de relacionamento familiar estão funcionando inadequadamente. Por exemplo, como se vivencia a autoridade dentro da família, como são estabelecidos e respeitados os limites e a liberdade de cada membro, que importância se dá à expressão do afeto e à convivência familiar, como a família realiza a adaptação às mudanças da sociedade, como lida com a sexualidade, como entende os papéis de cada membro, que valor e que lugar dá aos bens materiais, ao trabalho, à solidariedade, à prestação de serviço, à espiritualidade, etc. Dizer que as famílias estão se desestruturando é afirmar que um ou mais desses elementos estão em crise.

FAMÍLIA E SOCIEDADE      

Importa lembrar que a desestruturação familiar e a desestruturação da sociedade são interdependentes e estão vinculadas de tal forma que uma não pode ser entendida como causa simples da outra. Ambas são causa e ao mesmo tempo efeito e interagem constantemente, co-produzindo-se. Isolar a família da sociedade gera falsas análises, tanto de uma como de outra.

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