OS DISCÍPULOS DE EMAÚS
(Evangelho de Jesus narrado por Lucas 24,13-35)
JORGE LEÃO – MFC/MA
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s olhos dos discípulos de Emaús estavam distantes ainda da grande novidade da ressurreição. Em termos simbólicos, a mensagem nos possibilita pensar sobre quais são os entraves que nos impedem de ver a vida no caminho de nossa jornada humana.
O Mestre caminha ao nosso lado, transfigurado, entretanto nossos olhos permanecem fechados diante da grande novidade.
Acabamos por nos fixar aos modelos que se sobressaem por motivações externas, como a notícia alvissareira de que algo extraordinário havia acontecido em Jerusalém...
Mas, se não houver ressurreição dentro de nós, não será um acontecimento externo a nos confirmar tal experiência. A fé não se delimita a encontros de passagem ou ritos litúrgicos, mas a uma adesão profunda, que envolve todo o ser. Por isso, somente depois da partilha do pão, os discípulos puderam ver a realidade diante de seus olhos.
Durante o caminho para Emaús, alguns "seguidores" de Jesus preferem ficar presos aos fatos propalados pelo noticiário cotidiano. Isso pode significar a dificuldade que por vezes encontramos em vivenciar a partilha do pão com os que acolheram a novidade evangélica: [...] ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos" (Jo 15, 13).
Uma caminhada sem o banquete da partilha, e com todos os riscos advindos do desafio evangélico do amor incondicional, torna-se esvaziada pela nostalgia de ainda não crer naquilo que as discípulas e amigas de Jesus haviam dito sobre aquela manhã de domingo. Com efeito, as mesmas haviam anunciado a grande novidade ao grupo dos onze, mas foram desacreditadas, pois viam com "olhos de anjos", e isto parece querer dizer da não veracidade da notícia. Então, mais uma vez nossos olhos permanecem fechados ao mistério da vida e presos aos pré-julgamentos apressados que fazemos sobre quem está ocupando um lugar diferente do nosso.
Só depois, quando emerge a experiência simbólica da partilha do pão, a memória dos discípulos renova-se mais uma vez. Eles certamente haviam recordado a partilha dos pães e dos peixes para a multidão sedenta, e a última ceia, quando o Mestre distribui o pão da vida, como memória de sua passagem no mundo.
No momento em que abrirmos os olhos do coração, reacenderá a vontade de ir anunciar aos demais a notícia de que as amigas de Jesus não haviam delirado. Os olhos da fé, experienciada pelo encontro na partilha, reacendem o fogo da presença do Mestre entre nós, uma vez que compreendem agora o real sentido das palavras: "[...] se observais meus mandamentos, permanecereis no meu amor, como eu guardei os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor" (Jo 15, 10).
Os olhos foram abertos novamente pelas mãos cuidadosas do Mestre. O pão repartido nos lembra de nosso compromisso com o sinal da fé. Neste momento, renova-se a vida, e assumimos novamente o reconhecimento do olhar de Jesus, a nos dizer: "amai-vos uns aos outros" (Jo 15, 17).
Paz e bênçãos,
Jorge Leão
Movimento Familiar Cristão - São Luís - MA.
*Proposta de reflexão sobre o tema do próximo ENA
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