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segunda-feira, 22 de abril de 2013

O DIA EM QUE MARIA, MÃE DE DEUS, INTERCEDEU POR MIM

Paulo Cesar Rink
Equipe Êxodo - MFC Curitiba
Paulo Cesar Rink

C
onsidero todos os dias e meses vividos como uma benção de Deus. Confesso não ter preferência por determinado mês, ano ou estações deste.

Porém, neste mês de maio vindouro em 2013, algo será diferente. Para celebrar algo grandioso dar-se-á que voltar no tempo.

Corria o ano de 1982, mais precisamente o mês de novembro, o dia era 26, uma sexta feira. Um lindo dia de um quente verão na cidade de Pedreira, estado de São Paulo.

Com 17 anos e trabalhando com carteira assinada desde os 12 anos – sim naquele tempo era permitido – eu ajudava papai e mamãe no orçamento do lar. Era responsável por 10 garotos e fazíamos engradados de madeira para as indústrias de porcelana. Trabalhávamos numa serraria, um árduo e perigoso trabalho. Os meninos montavam os engradados eu era o responsável pelo corte da madeira na serra circular. Faltando cinco minutos para o termino de nosso expediente sofri um grave acidente, que até hoje trago as sequelas.

Confesso que não me lembro do fato. Lembro-me de um grito e minha mão ensanguentada, três dedos pendurado, ossos, dos dedos, esparramados e uma íngua no braço, proporcionada por tamanha dor. Fui levado ao hospital da cidade. Porém, não havia como ser atendido ali. Faltavam médicos e estrutura.

Fui transferido para o Hospital Irmãos Penteado, em Campinas, conduzido num velho Passat, pois não havia ambulâncias.

Fui atendido na emergência. Lembro-me das anestesias que não “pegaram” e dos pontos sendo dados nos meus dedos a “seco” como disse o médico. Por ironia do destino fui atingido, nos três dedos centrais da mão direita e, nas falanges (Juntas) médias. Ossos foram “arrancados” pela máquina. Um dos dedos ficou preso “apenas” pela pele.

O tempo se passou. Em Fevereiro de 1983 a primeira cirurgia. A esperança no coração de um jovem era que logo pudesse voltar ao labor e ajudar no sustento do lar. Neste ano a crise do petróleo, a segunda, chegou com força ao Brasil e, papai perdeu o emprego. Nossa renda se resumia a uma pequena poupança, ao minguado dinheiro do (INSS) e ao trabalho braçal de papai, onde hoje é a cidade de Holambra.

A tão esperada cirurgia não deu o resultado esperado. E o diagnostico veio como um pesadelo. Teria que continuar o tratamento em São Paulo. Lembro bem da expressão de minha mãe no consultório médico. Jamais esquecerei.

Em abril de 1983 lá fomos eu e papai, sem conhecer direito a tão falada Paulicéia desvairada, para São Paulo. Sem conhecer e sem dinheiro. Nosso Almoço? Uma preciosa coxinha. Esperamos por mais de cinco horas pelo médico, no hospital Santa Cruz, bairro do Jabaquara.
O “doutor” nem olhou a minha mão. “quero os raios Xs” disse. Não tínhamos, pois o INSS não liberava. “Voltem outro dia com eles”. Disse-nos.

Somente na terceira ida para São Paulo e com os ditos “raios X’s” não mãos o tal “doutor”, de triste memória, nos atendeu.

Examinou a minha mão e foi direto. “Tem que tirar os três dedos do Rapaz”, bradou. Papai empalideceu e meu chão sumiu. Meu pai, na sua simplicidade de um roceiro e na sua imensurável sabedoria, tentou arguir com o estudado doutor. “O senhor entende alguma coisa de mão”? Perguntou o médico para meu pai.

Não! Exclamou papai. “Mais um pessoa com tamanha falta de educação não vai tirar os dedos de meu filho. Passe bem, doutor”. Levantamo-nos e fomos embora.

Ao chegarmos a nossa casa mamãe, como sempre fazia, veio nos esperar no portão. Certamente, esperançosa por uma boa notícia. Lembro que meus pais conversaram, longamente, no quarto de casal. Desta conversa jamais vou esquecer as cenas que se sucederam. Mamãe sempre teve e, ainda hoje a têm uma “imagem” de Nossa Senhora de Aparecida.

Lembro-me, claramente, como um filme recente, da porta entreaberta, mamãe aos prantos, ajoelhada e uma vela acesa rogava a Maria que intercedesse.  Ao sair e, sem perceber o que eu tinha presenciado me disse. “Filho Deus está com você. Nada vai te acontecer.”

Era uma quinta feira. Na segunda feira seguinte fui à Campinas no INSS. Fui, novamente, encaminhado para São Paulo para outro hospital. Hospital dos defeitos da Face, na LBA.

Fui atendido por um generoso médico. Dr. Marcos. Ele olhou minha mão e me disse. “Quem é o louco que queria tirar seus dedos, menino?” “Vou recuperar grande parte de seus movimentos”! Exclamou.

Fiz a delicada cirurgia no dia 27 de maio de 1983. Tiraram ossos de meu braço e colocaram em meus dedos e com eles escrevo este texto.

Todos os dias a Deus agradeço, pelo meu amado papai e minhas duas Mães Marias.

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